Na época do falatório sobre o "365Days", propus a um grupo de amigas uma discussão sobre o porquê da premissa de filmes na linha do "Cinquenta Tons de Cinza" fazer tanto sucesso entre o público feminino. A premissa de um homem rico, lindo, sexy e sedutor se interessar por uma mulher aparentemente comum, estando disposto a dar a ela tudo o que esta quiser ou desejar desde que o permita dominá-la, é muito atraente para nós mulheres. Atração que chega a outra patamar quando esta "mulher comum" consegue fazer com que o "homem perfeito", só que desprovido de sentimentos ou responsabilidades afetiva, se apaixone (fique de quatro) por ela e comece a mostrar seu lado mais sensível.
Depois tentei entender o porquê personagens como Christian Grey ou Massimo são considerados "perfeitos". Por que são ricos? Ou por seu físico maravilhoso? Ou ainda por ser sexy e sedutor? Não é que estes fatores não pesam no resultado final da balança, mas a resposta mais comum é em relação a "presença" do cara. Essa presença a qual me refiro, é alguém que vai ser notado por você independente do lugar ou de quantas pessoas belíssimas existam a sua volta. Não porque ele é o mais lindo de todos naquele ambiente ou tem a personalidade mais extrovertida/chamativa daquele lugar, mas ser notado por fazer uma mulher comum (cheia de inseguranças) a qual deseja se sentir única naquele ambiente. É esse sentimento que muitas mulheres buscam em um homem, o sentimento de ser única para ele mesmo estando envolta em um universo de inseguranças.
Não estou dizendo que o homem perfeito é aquele que só precisa estar disposto a acolher todo e qualquer defeito da mulher, mas que ele também tenha defeitos, tenha problemas pessoais e partes sensíveis em seu ser. A mulher também sente a necessidade de se tornar importante na vida de um homem de alguma forma e quando este mostra que tem feridas também, é quando ela aceita o desafio de curar essas feridos ou ao menos amenizar os impactos negativos que essa ferida causa no parceiro. O problema é que filmes não passam de ficção. Raramente uma história da vida real vai se desenvolver de forma similar a história de Christian e Anastasia.
O homem perfeito não existe, nós que idealizamos este homem e os projetamos em personagens da ficção, personagens que são montados reunindo todas as qualidades que as mulheres inicialmente buscam em um macho (fazê-la se sentir alguém maior do que suas inseguranças, lhe proporcionar emoções únicas e também algum nível de estabilidade, seja emocional ou financeira). Quantos homens (feios e bonitos) fizeram você se sentir a pessoa mais importante desse mundo? Ou quantos alimentaram o sonho de ambos trabalharem para constituir a estabilidade de um um lar? Mas quantas dessas histórias não acabaram com uma mulher, que você nem sabia da existência, batendo na sua porta e depois na sua cara afirmando que você roubou o marido dela? Já imaginou um homem entrando na sua vida no momento da pior crise que você já viveu, na qual parte da sua família não se importou em ajudar e a outra parte também vivia seu inferno pessoal, e durante um ano e pouco se mostra a pessoa mais incrível desse mundo? E se, por confiar demais na pessoa que você considerava a mais importante na sua vida, você tiver uma foto íntima vazada e precisar tirar forças não sei de onde para recomeçar em outro lugar? Quantas mulheres eu já não conheci (negras em sua maioria) que mantém um relacionamento falido com um cara escroto pela insegurança de achar que não vai encontrar algo melhor do que aquilo?
Já nem sei mais aonde quero chegar com isso, só acho que pra mim e para boa parte das mulheres com quem convivo, as inseguranças que temos influência muito o tipo de cara com quem nos relacionamos. Ok,... cada caso é um caso, não posso generalizar, mas normalmente o problema é que os canalhas são os melhores em vender a imagem daquilo que buscamos para aplacar essas inseguranças.
Última edição por BitterWoman em Dom 10 Abr 2022, 13:18, editado 2 vez(es)