Acho que o
banheiro unissex é a melhor solução para todos. Onde eu faço faculdade tem um andar com um
banheiro unisex e não tem constrangimento pois todos tem permissão para usar e todos estão cientes.
Mas ainda é complicado refletir sobre o assunto.
Nos dois lados (esquerda e direita, ao que parece), as pessoas dão soluções, como se fosse algo muito simples. Por um lado é só criar uma outra categoria de
banheiro e pelo outro é só entrar e ignorar as rolas.
Mas acontece que
não é uma situação simples, é muito, muito complexo e isso precisa ser tratado com maior sensibilidade.
Vou contar uma experiência que eu tive.
Eu sou menina, caso não tenham notado.
Em 2020 a pandemia estava no auge e eu fui convocada para um trabalho voluntário no maior ginasio esportivo daqui de onde eu moro.
Uma das tarefas do dia era ajudar a fazer a manutenção dos banheiros, o lugar era gigante e estava deserto. Eu só queria voltar logo pra casa então saí entrado no
banheiro sem pensar muito.
Tudo numa boa até que eu ouvi vozes de homens entrando de maneira descontraida e conversando alto, eu logo comecei a ficar ansiosa. Eles me viram e eu disse que estava limpando, eles só pediram desculpas, disseram que voltariam depois e sairam do recinto.
Quando eles sairam eu finalmente me dei conta de que era o
banheiro masculino, um milhão de coisas se passaram pela minha cabeça justamente porque o local era público, qualquer pessoa da rua podia entrar ali e usar os banheiros, e estava deserto.
Eu comecei questionar também se eu deveria estar limpando aquele
banheiro, se não deveria ter um homem responsável por cuidar daquele
banheiro. Até perguntei para a faxineira contratada, e ela disse que sempre limpava os dois banheiros, ela colocava baldes na porta e as pessoas entendiam que não deveriam entrar. E ainda haviam os maldidos mictórios, e eu olhei para eles e ..... kkkkkk
Depois daquele dia eu decidi que não era obrigada (e não era mesmo) e me recusaria a limpar aquele
banheiro, o local estava muito vazio e não me sentia segura.
Vai dizer o quê? Que eu sou medrosa, ou que eu tenho alguma problema em estar na presença de homens?
Foi só algo novo, nunca me vi numa situação dessas, nunca tinha limpado locais públicos antes, e é bizarro pensar que várias mulheres neste país, ou qualquer outra pessoa, vivem isso no dia a dia. Aquela faxineira era experiência, era algo corriqueiro para ela, mas no momento em que eu ouvi aquelas vozes entrando, eu juro que meu coração deu um solavanco.
Então não dá pra simplesmente uma mulher sair entrandado num
banheiro masculino e nem vice-versa sem parecer estranho, o desconforto não é algo que dá pra exluir da mente, ainda mais se tratando da nossa sociedade. Essa divisão de banheiros é algo que está enraizado há muito tempo, não se muda um pensamento tão antigo da noite pro dia e vão haver criticas, muito válidas por sinal.
Essa questão de crianças, também sou da opinião de que nenhuma delas deve ir ao
banheiro sozinha. Mas de fato, como um pai vai acompanhar sua garotinha até o
banheiro? Leva-lá consigo para o masculino nem pensar.
Mas pelo outro lado não dá pra ficar fugindo da crueldade humana para sempre, embora isso deva ser pensado, a prioridade é manter o maximo de pessoas seguras, e definitivamente pessoas LGBTS correm mais riscos, não só em banheiros masculinos mas em qualquer lugar.
Imaginem Pablo Vittar. Ele é um homem, durante o dia ele se veste como um homem e certamente frequentaria banheiros públicos masculinos se ainda fosse pobre. Mas num dia de trabalho, onde ele está montado, com a peruca caindo pela cintura e o salto nos pés, será que ele entraria num
banheiro masculino, ele próprio se sentiria a vontade e seguro? Botar uma peruca o faria se sentir uma mulher a ponto de ter o direito de usar esse
banheiro, sendo que ele próprio se diz homem durante o dia?
É muito a se pensar, e acho que o
banheiro unissex resolve essas questões, além de não haver mais impedimentos dessas pessoas fazerem suas fisiologias.
Criar banheiros especificos para ''LGBTS'' é inaceitável, você está generalizando um grupo onde há multiplas diferenças entre eles. LGBT não é um genêro, é um grupo de minorias, um grupo de pessoas. Não é preciso dizer o quanto essa possibilidade os afeta sentimentalmente e contraria sua existência
Somos todos pessoas, a urina sai tanto pelo piu-piu quanto pela xaxana. Nunca houve necessidade de dividir nossos banheiros em primeiro lugar.
Essa separação de banheiros não foi criada vizando evitar violencia contra a mulher, foi uma ideia conservadora para evitar ''vergonhas''.