4º Turno
@KadsoAugustus transparecia estar um tanto pensativo. E não era por menos, já que por mais que o afastamento do cipher pol pudesse ser um alívio por um lado, por outro também deveria ser motivo de preocupação. Afinal, como Augustus bem sabia, sua missão era assegurar para a marinha o último membro da família real, independentemente da posição da cipher pol em relação a isso. Algo que, em detrimento da separação do grupo, havia se transformado em uma espécie de corrida. Afinal, a quem chegasse primeiro, caberia eliminar todos os nobres e garantir o último dos descendentes, desaparecendo com ele e garantindo o controle da arma para sua corporação. Já àquele que chegasse por último, restariam apenas corpos inúteis e uma amarga falha. Por isso, todo minuto contava. Todavia, ainda assim, o marinheiro parecia mais preocupado com a ideia de ser suspeito de uma investigação do que com outros assuntos.
De qualquer forma, como veria em em poucos instantes, aquele parecia ser, talvez, seu dia de sorte.
- Não foi completamente informado? - o velho repetiu, fazendo expressão de estranheza junto com os demais na mesa - E como passou na provinha de admissão sem saber sobre os equipamentos de proteção individual? - teve uma sensação momentânea de que o homem estava desconfiado - Preocupante. Esses novatos chegam cada dia menos preocupados e mais despreparados, não é pessoal? Hahahahah - de forma tão rápida quanto a sensação de perceber o que ele sentia sumiu, ele também pareceu fazer questão de trocar de assunto e desviar o foco, arrancando risadas dos demais veteranos - Ardaric? O próprio. É um prazer, companheiro Mário - respondeu surpreso sem demora, estendendo a mão para cumprimentar. No entanto, algo no interior de Augustus dizia que não era surpresa o que ele verdadeiramente sentia - Te disseram? Isso parece bastante irregular… Mas… - continuou aparentemente pensativo, coçando a barba - Ah, que se exploda. De qualquer forma, é perigoso para os pulmões andar lá fora sem proteção. Venha, posso pelo menos lhe arrumar uma de minhas máscaras velhas enquanto você não pega a sua - ordenou, logo em seguida tornando o caneco, levantando da mesa e largando algumas moedas nela.Conforme se distanciavam do bar, os passos do anão começavam a ficar cada vez mais pesados. Era como se seu bom humor de antes subitamente sumisse, dando lugar a uma ranzinzisse. No entanto, Ardaric não disse nada até que chegaram diante da porta do que deveria ser sua casa.
- Você sequer parou para pensar num álibi para o seu disfarce? - ressurgiu ranzinza, indagando de forma indignada - Não podia ter dado uma desculpa melhor? - sem dar tempo de resposta, prosseguiu amargo, enquanto girava a chave no trinco da porta - Ah, senhor, minha máscara caiu na lava enquanto voltava do turno e não tenho outra - esganiçou em baixo tom, como se imitasse a voz de Augustus - Menos é mais, sabia? Chegar com roupa de trabalho no meio da noite é até bom, porque fica parecendo que você fez hora extra ou algo do tipo e está voltando tarde. Mas chegar uniformizado pra trabalho no meio da noite sem saber de nada, dizendo ser um completo novato e assumindo coisas sobre o processo de admissão da empresa na frente de um monte de operários, que com certeza passaram por tal processo, não é algo nada convincente, sabia? - prosseguiu ainda discreto, abrindo a porta visivelmente nervoso - Coloquei tudo em jogo para ajudar a Marinha a parar os nobres loucos dessa ilha. Não é todo mundo aqui que faz vista grossa pra alta-traição contra a família real, sabia? Desse jeito você acaba com nossos disfarces e a operação vai de vez pras cucuias - finalmente, então, voltou-se para Augustus com uma expressão bastante irritada. Após alguns instantes encarando o sargento, Ardaric - que revelava uma faceta nada simpática de sua personalidade - prontamente entrou em sua casa sem dizer mais nada.
- Tsc… - caminhando conforme resmungava, tentava apaziguar sua raiva e relevar o que já tinha acontecido. Eram águas passadas - Entre e feche a porta. Vou arrumar a máscara e os mapas para você - ordenou, sumindo no corredor de entrada escuro da casa.Graças à escuridão, Augustus não conseguia ter noção alguma da configuração dos cômodos da casa. Só sabia com certeza que havia uma sala a sua direita, pois havia uma porta aberta ali. No entanto, com todas as luzes apagadas, não dava para saber o que tinha dentro.
A julgar pelos passos de Ardaric no piso de madeira, Augustus percebeu que ele havia virado a direita em algum lugar adiante no corredor escuro. Continuou ounvido-os por mais alguns instantes, até que pararam no que parecia ser o meio de um outro cômodo mais adiante. Ademais, o som de algumas gavetas sendo abertas também pode ser ouvido. Após isso, silêncio.
Ao que Augustus entrou e se virou para fechar a porta, no entanto, teve uma súbita sensação de urgência vinda das suas costas. Seu Haki da Observação denunciava com antencedência a agressividade, mas o inimigo simplesmente era mais rápido do que ele conseguia reagir. Um corpo pequenino saiu da porta próxima - agora à sua esquerda - e prendeu-se de forma absurdamente forte em suas costas. Suas pernas abraçavam o abdômen do marinheiro de forma intensa, fazendo-o sentir dor. Seu braço direito prendia o braço direito de Augustus atrás das costas, impedindo-o de se mover. Seu braço esquerdo passava acima do ombro e afirmava o fio de um punhal totalmente enegrecido contra o pescoço de Augustus. E, a julgar pela sensação molhada no local, não era difícil concluir que a faca deveria estar embebida com alguma substância extremamente suspeita.
- Tente qualquer coisa esquisita e eu te degolo aqui mesmo, moleque - Ardaric prosseguiu mortalmente - A marinha bem que me avisou que isso poderia acontecer - prosseguiu, cerrando os dentes de forma bastante irritada - O que você fez com o marinheiro, seu espião maldito?! Ou você realmente achou que eu não ia estranhar o fato de ter um a menos no grupo? - Ardaric indagou em bom tom no pé do ouvido do sargento.Ardaric poderia ter um aspecto envelhecido, mas certamente não era fraco e nem lento. Considerando a pressão em seu torso, membro e pescoço, Augustus sabia que não conseguiria se desvencilhar do agarrão tão facilmente. Inclusive, também era prudente lembrar-se da agilidade superior demonstrada pelo inimigo há poucos instantes e considerá-la em sua próxima decisão.
Poderiam haver outras soluções? Talvez. Isso dependeria totalmente de Augustus. No entanto, independentemente se conseguiria reverter aquela situação de refém ou não, ainda devia lembrar-se dos fatores nos quais era dependente para cumprir sua missão.
É isso, saiu. Kadso, o prazo é até o dia 11/12/22 às 2h30.