Turno 2
O grupo continuava andando em meio aos guindastes e esteiras que abafavam os sons de seus passos, que era o único som que emitiam. Apesar do caos, tudo estava organizado na perfeição robótica, as poucas auras que os usuários avançados de HdO conseguiam sentir estavam distantes e sumiam constantemente como algo passageiro. Outra parte da tecnologia estava na segurança do local, viam a todo momento robôs de patrulha com uma lanterna localizado em seus olhos e um dos braços mais esticados, eles se movimentavam em grupos e se espalhavam afim de cobrir toda a área, no entanto perceberiam que nem as luzes das lanternas, nem qualquer robô chegavam até eles, era como se a presença como um "quadrante" estivesse fora da programação, deixando o caminho livre para os liberatores prosseguirem sem qualquer problema.
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As máquinas podem não ser corruptivas, mas os homens que as comandam são. - O ser desconhecido resmungava para si mesmo como se estivesse a responder alguém. -
Fale que trabalhe resolvendo a sujeira das famílias nobres da capital que eles ficam todos acanhados iguais cães, mas é só liberar um petisco que abanam o rabo. - Divagava sozinho.
O ser encapuzado continuava seus passos a frente sem reagir a qualquer ação em volta dele, sempre levava o grupo pelos caminhos mais abertos, evitando qualquer viela, nesses espaços mais amplos perceberiam que já tinham saído do núcleo principal do porto, seja pelas diversas auras ao longe ou pelas placas indicando outros caminhos:
Estação de Diatrema
Parque Industrial. O terceiro nome que a seta apontava para cima estava riscado e impossibilitado de ler. Pouco depois o grupo se encontrava na frente de uma galpão de pequeno porte, primeiro entrou o anfitrião para só depois ser seguido pelo demais pela passagem pequena da porta lateral. LaVie era a última a entrar e por escolha ficar próxima da porta suspirando, enquanto os demais adentraram mais ao centro do prédio.
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Me seguir até aqui sem perguntar quem sou... É um sinal de confiança? - Dizia o estranho começando a tirar o capuz de seu corpo.
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Não preciso perguntar por algo tão familiar que já senti diversas vezes em outros seres... Pristine. - O Cardeal retrucava seriamente. -
Então me diga, o que você está fazendo nessa ilha. - Era totalmente seco.
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As vezes esqueço como subestimo você, Kimus. - Dessa vez a voz saia em um uníssono com vários tons agudos femininos. O dono da voz era o mesmo espadachim.
Isao Hiden
Aspirante a Arcebispo de Pristine
Isao era um homem alto com um grande cabelo escarlate e tatuagens em seu rosto, no entanto não eram essas as características que se destacavam, em seu rosto haviam três pares de olhos e todos pareciam funcionais. Outra característica marcante era uma de suas espadas, que tinha a bainha toda feita de carne e a empunhadura da katana era repleta de olhos, aonde quem reparasse bem, os veria se mexendo normalmente. Angus até então não sentia nada diferente vindo do homem, no entanto, assim que sua voz mudou para o "coral" feminino, sentiu uma pesada aura dominar o local, tal qual não conseguia decifrar a força e se de fato era apenas
uma aura. O ambiente pesado podia ser transpassado até para quem não tinha o haki aperfeiçoado, piorando o clima do galpão.
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O mesmo que ti. - A voz diferente continuava. -
Seguindo orientações do conselho de vigiar as ações da família real de perto quanto ao tema que os perturba; a arma ancestral. Por motivos óbvios eu me aproximei para minar a chance de outras organizações mas alguém da família real vazou informações e cá estamos. - Enquanto falava, o espadachim sequer demonstrava alguma reação em seu rosto.
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Devo presumir que tem envolvimento no ressurgimento dessa arma? O que sabe sobre ela que possa ajudar na missão. - Kimus perguntava com um olhar serio encarando os outros seis do espadachim.
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Pelo que eu descobri, é uma criatura ainda em modo embrionária que fica no sub-solo do palácio na capital, porém pode estar perto do seu "nascimento" pois andam acontecendo diversas erupções em um padrão sequencial que os liga ao maior vulcão da ilha. A família real parece ter algum modo desconhecido de controlar a criatura... - A voz uníssono dava uma pausa dramática antes de continuar. -
Se é uma criatura viva, é claro que eu tive uma curiosidade sobre... Todavia perdi o interesse e nesse momento pretendo apenas cooperar para o nosso sucesso, pois se eles conseguirem renascer a arma ancestral, nem eu mesmo sei o que pode vir e as consequências. - A voz tinha uma leve quebra na monotonia que rapidamente era recuperada em seguida. -
Minha ideia é pegar o seu grupo e seguirmos por uma passagem subterrânea que eu descobri após as erupções recentes, elas se ligam até o local aonde o embrião está, lá podemos tomar a dianteira sobre a situação e controla-la da forma que quisermos. - Finalizou dando uma encarada em todos do ambiente pela primeira vez, pois até então os havia ignorado.
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Passagem secreta até o local no sub-solo. huh - O Cardeal repetia para si mesmo as informações enquanto levantava suas sobrancelhas analisando suas escolhas. -
Bom... nesse caso eu e o Togomi iremos com você, o restante do meu grupo irá avisar nossos outros companheiros espalhados pela ilha buscando o local da arma ancestral, assim com a concentração máxima de nossas forças, podemos ir até a capital e assegurar nosso triunfo. - Kimus se mantinha sério enquanto coçava seu pescoço e mentalizava seus planos como em um jogo de xadrez.
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Então você não sabia que ficava no sub-solo do palácio, não és tão observador assim fufufuf... Faça como desejar, deixarei o resto com ele. - As varias vozes iam diminuindo o tom até sumirem, enquanto o espadachim voltava a piscar e olhava para o restante do grupo. -
Lembrem-se do que eu disse sobre quem são aqui, o Sindicato coordena toda a segurança dessa província lá do Parque Industrial. A estação é a conexão mais rápida a outras partes da ilha, mas o horário para passageiros é limitado, deve acontecer só daqui umas horas na próxima troca de turnos, fiquem atentos. - Isao os cumprimentava com um aceno de cabeça enquanto se virava e começava a caminhar para uma outra saída do galpão.
Kimus pouco se importou com a provocação e fazia um gesto para todos se reunirem próximo a LaVie, menos Togomi ao qual enviou junto do espadachim para irem na frente. O Cardeal mantinha seu olhar sério e não parecia surpreso com qualquer informação que recebeu, os demais haviam recebido bastante informações e tinham seu próprio tempo para assimila-las.
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LaVie, o plano continua o mesmo. - Olhava para a mulher que o respondia com uma afirmativa com a cabeça. O habitante do céu olhava para o quarteto restante e focava seus olhos na dupla protagonista. -
Sophie, Angus... Eu preciso que vocês consigam dois vagões exclusivos no trem de carga, ignora o de passageiros, não importa o meio ou com quem negociem, usem as informações passadas até aqui para garantirem nosso sucesso, depois disso a LaVie explicará nosso plano pois infelizmente terei que me separar por hora... Conto com vocês. - Como sempre eloquência era deslumbrante e inspiradora para quem o ouvia, pelo menos os de "coração" mais aberto. O Cardeal ficou parado por um instante dando espaço para que qualquer pergunta fosse feita, passado o tempo, iria se virar e ir no rastro do espadachim e de Togomi.
Angus e Sophie eram bombardeados com informações e um dever, com a situação correndo e mudando rapidamente, teriam que se adaptar. Antes de saírem do galpão, LaVie dropou uma maleta preta
do nada e entregou para a dupla, ainda sem dizer uma palavra apenas os cumprimentou com um aceno e foi a primeira a sair acompanhada dos outros dois. Como sempre, a dupla estava sozinha para traçarem um plano e conseguirem o objetivo imposto pelo Cardeal.
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