[Ithil'thol] Nocturne of Truth and Illusions

A facilidade com que suas sugestões estavam sendo acatadas era bem compreensível. Até mesmo o Leo original estava sentindo certo asco da cena montada pelo assassino. Dado o realismo das sensações ao compartilhar os sentidos com sua peça, era um tanto inevitável que se inserisse na situação. Poderia ser tudo falso, mas assim como ao assistir a um filme bem realista — com um grau além de inserção, graças à existência de uma personagem completamente baseada nele —, não pode deixar de sentir as coisas de forma genuína.

Era um tanto triste como todos já não ficavam mais surpresos com as notícias. No entanto, Leonard sabia que o certo era manter a cabeça fria para pegar o assassino quanto antes. Nesse aspecto, tinha grande vantagem. Até porque, por mais realista que a ficção pudesse ser, ainda era uma ficção e os sentimentos não tão fortes assim. Ademais, percebeu que não teria que se preocupar tanto com os detalhes, já que a peça de Klaus parecia atenciosa o suficiente para pensar nos pormenores. Com certeza, a ideia de não deixar que as bêbadas entrassem na junior suite era bem-vinda.

De volta ao fluxo investigativo, Reinhardt ficou bem surpreso quando ninguém soube indicar a localização do quarto do patriarca. Fosse em outra situação, teria ficado bem preocupado, imaginando que até nisso Nathnaught buscava cortar suas asas. No entanto, como o rastro que seguia dessa vez era o de Lin, aquilo certamente era bem incriminador.

“Bingo?” — indagou-se, alegremente ponderando a possibilidade de ter acertado dessa vez. Mas, claro, sempre buscando não demonstrar no rosto para dar vantagens desnecessárias à GM.

Unindo isso ao fato de que ela claramente estava jogando fora do tabuleiro, Leo acreditava que as chances de ser Lin o culpado eram bem altas.

Suas esperanças em conseguir um bom rastro olfativo estavam se esvaindo. Mas, ainda que no pior dos casos, sabia que sempre poderiam tentar os eventuais tecidos do encosto e assento da cadeira onde os seniores fizeram a reunião há algumas horas. As chances eram meio ruins, mas o caçador estava preparado para, quem sabe, passar a vez e tentar remediar a intensidade do rastro com alguma verdade azul. Antes que ele se perdesse demais em remediações, porém, Vladimir pareceu salvar o dia. Não era o closet dos aposentos de Lin, mas pelo menos tinham alguma chance de tirar alguma coisa dali. O que, por ora, bastou ao sniper.

Para os demais, a ideia de encontrar as roupas de Lin no closet do corredor era estranha. E, pensando bem, talvez realmente fosse uma evidência um tanto curiosa no que tangia o trajeto do assassino. Porém, por ora, a única variável que importava naquela equação era o rastro olfativo do velho.

Assim como o previsto, Nathnaught ficou confusa quanto à primeira verdade erguida. Em breve ela entenderia o porquê. E, ao fazê-lo, talvez não fosse uma tão difícil assim de se anular. No entanto, aquela confusão inicial ainda servia o seu propósito de tentativa de desorientação. Enquanto ela estivesse ocupada tentando entender o porquê da interferência no clima, Leo estaria preparando seu próximo movimento.

Claro, o Ás de Ouros em momento algum tivera acesso às regras. No entanto, pela forma como certas regras da realidade estavam sendo respeitadas, Reinhardt eventualmente percebeu que havia certas coisas que não fariam muito sentido serem combatidas por verdades vermelhas, por mais absolutas que fossem. Quer dizer, habilidades de manipulação de realidade eram muito poderosas, mas como nem tudo era perfeito, sempre acabavam vindo com certas limitações. E, pelo menos uma delas, no caso de Nathnaught, parecia ser a necessidade de se prender a certo nível da lógica do mundo externo. O poder olfativo de um canino certamente era um desses sensos comuns super óbvios que talvez fossem bem cruciais nas fundações daquela realidade montada.

O que se seguiu à sua jogada, porém, foi ligeiramente inesperado. Pensando melhor, porém, aquele realmente era o modo como mestres se portavam jogando. Afinal, quando o alcance de seu horizonte num determinado assunto é expandido, é apenas natural que se antecipe alguns passos adiante. Assim como mestres de xadrez, que não precisavam sequer mudar o tabuleiro para visualizar as situações em sua mente, Nathnaught também conseguia calcular o desfecho dos turnos futuros com precisão suficiente para condenar o seu próprio rei. E assim o fez.

Agora, mais distante do problema que antes o atormentava, Leo pode perceber que, no fundo, tudo aquilo tinha sido um tanto divertido. Por isso, como qualquer mestre com o mínimo de honra e espírito esportivo, voltou-se ao seu oponente:

— Foi um excelente jogo, senhorita — proferiu, cumprimentando a oponente respeitosamente com a cabeça.

No entanto, não pode fazer muito mais do que isso. Afinal, logo a realidade ao seu redor começou colapsar. De volta à mesma luz que outrora o aprisionou em uma manipulação absoluta de realidade, o Ás de Ouros preparou-se para surgir do outro lado. Certamente muita coisa deveria ter acontecido e sequer era garantido de que iria pousar num local seguro. Estaria alerta para o primeiro instante que sentisse os poderes de sua akuma novamente disponíveis.

Contemplando a viagem entre planos de realidade, Leonard eventualmente se viu livre. No entanto, conforme o pressuposto, não tinha sido deixado no mesmo banheiro onde fora abduzido. Estava do lado de fora, totalmente desprotegido, algo que poderia ser perigoso. Sendo assim, logo que fosse capaz de reagir, prenderia a respiração e convocaria sua Exotic Matter.

Naturalmente, a primeira coisa que traria era sua armadura. Assim que possível, faria com que a matéria exótica de aspecto mercurial cobrindo seu corpo trouxesse a armadura já equipada ao seu corpo. Aquela não era bem a sua única intenção com aquela técnica, mas no fim ainda parecia estar morfando como um power ranger.

Assegurado acerca de riscos biológicos e químicos, o spades então focou-se em trazer seus equipamentos de volta. As suas ampolas restantes de nanites ficariam à disposição do Revolving Injector. Caso fosse necessário, as teria protegidas no compartimento blindado e de prontidão para manejo e uso. Como de costume, seus dois rifles também seriam equipados, permanecendo pendurados em X em suas costas com suas respectivas alças. A pistola, por sua vez, iria para o coldre de ombro abaixo das vestes da armadura. Por fim, mas não menos importante, Tesserato também seria trazido de volta às proximidades de seu criador. Este, claro, apareceu ali como se figuradamente acabasse de ter caído de para-quedas.

— Fiu… — inicialmente confuso de fronte para seu mestre, logo outra de suas faces captaram a imagem da lua à distância.

— Também fui teleportado agora pouco para fora de uma prisão mística — captando a necessidade por respostas do cubo, Leo prontamente retrucou. — Meus palpites são tão bons quanto os seus… — voltando-se para o cubo, finalizou, virando ambas as palmas e dando de ombros como quem também está confuso.

No entanto, ele também não demorou a se orientar. A julgar pela proximidade da Lua e o ambiente ao redor, tinha noção de estar próximo ao parque central, possivelmente o ponto mais próximo da lua com o solo da ilha. Claro, não pode momentaneamente deixar de se perder um pouco nos pensamentos quanto à natureza da ilha. Naquele momento, ela realmente parecia como um bau do tesouro. No entanto, suas suposições não eram simplistas o suficiente a ponto de acreditar que realmente o fosse. Num sentido figurado, definitivamente, pois deveria ser a fonte de toda a tecnologia e segredos que enriqueceram Ultred. No entanto, colocar um baú do tesouro em um lugar tão exposto e dar-se ao trabalho de manipular campos gravitacionais naquela escala a troco de nada não era algo muito convincente. Talvez fosse um veículo ou dispositivo de algum tipo?

Já tinha avistado o velho de costas há algum tempo. Mas, sinceramente, não estava muito surpreso. Ainda não sabia exatamente qual das duas facções restantes Nathnaught pertencia e, consequentemente, Lin. Mas, desde o início o roedor carregava uma aura misteriosamente suspeita ao seu redor. A julgar pelas pistas preliminares, porém, wyldcards era a resposta mais simples. Dusk demonstrava indícios de estar mancomunada com o Joker e, se sua névoa já não afetava o velho, este consequentemente também. Nathnaught, que havia fornecido um de seus cubos para o rato sabe-se lá com quais fins, igualmente.

— … — inicialmente pensativo, o Ás de Ouros apenas ouviu aos comentários de Lin.

Ele pertencia a algum cargo alto da wyldcards? Bem, isso não era difícil explicar, pelo menos. Poderia muito bem ser um remanescente que, após a cisma em Mass Hysteria, fora incumbido de permanecer na Spades com o papel de agente duplo. No entanto, àquela altura, tentava imaginar qual era o exato papel que Garret queria que tivesse performado ali. Obter os segredos da lua, derrotando Ultred e seu status quo com os filhos da lua, impedir que Edwin causasse problemas ou ambos?

Bem, talvez a missão não fosse tão complexa assim. Todavia, ainda assim sentia uma certa nostalgia de fim de linha que acabava só ficando mais contemplativa ainda devido à presença etérea da lua abrindo-se nos céus.

Ponderou um pouco sobre a resposta que daria ao mink. Já tinha esboços mentais de teorias que poderiam explicar aproximadamente o mistério da segunda lua. No entanto, estava mais preocupado quanto às decisões acerca de tentar tomá-la ou não. Dependentes de algum segredo fornecido pela tribo à Ultred, Lin já havia entregado a falha por parte deles. Ainda assim, Leonard ponderava se valeria à pena ir atrás de Ultred para tanto. Ele certamente não deveria cooperar, mas… De qualquer forma, por ora, ainda estava mais curioso quanto às explicações acerca dos planos dele. Por que não teriam mais tempo? Havia algum tipo de processo ou ritual preciso para se abrir o maquinário daquela relíquia ancestral?

— É realmente uma lástima que o Governo Mundial tenha enterrado esse tipo de mistério no passado e até hoje ainda esteja tentando mantê-lo assim ou então tentando usá-lo a fim de manter todos ignorantes quanto a ele — após alguns instantes em silêncio, cuja intenção, no fundo, também era tentar ganhar algum tempo para seus poderes, visou formular sua opinião para Lin. Traidor e alvo da Spades ou não, ainda apreciava as conversas com ele. — As paisagens e possibilidades do mundo antes da ascensão dele certamente deveriam ser tão ou mais deslumbrantes que as de Khórus — contemplativo, com os braços cruzados para trás, prosseguiu. — Agora, o porquê de negarem à toda vida senciente o seu direito de nascença de estar por entre as estrelas, é algo que me é bem caro de compreender — abaixou um pouco o tom, em desprezo aos burocratas e nobres. — Mas enfim… — suspirou brevemente, deixando de lado o assunto que era um tanto inútil do ponto de vista prático. O fato era que o governo como sempre continuaria sendo um estorvo para o progresso. — Então quer dizer que toda a operação da Marinha e do Governo aqui eram só uma fachada erguida por agentes duplos? — após breve e contemplativa pausa, voltou-se para o rato. — Digo, se eu fosse chutar, diria que Vladimir e Nathnaught eram agentes da marinha ou do governo, não da wyldcards — pendendo a cabeça, comentaria inicialmente acerca da razão da pergunta. — Mas, bem, como no fim sequer dá para afirmar se Dusk fugiu com a wyldcards ou para os braços do governo após o ataque ao QG em Gianect, talvez a pergunta mais adequada seja outra.

Pendendo a cabeça, ergueria as sobrancelhas, percebendo o quão pouco de informação que tinha graças à sua prisão no Yomotsu Hirasaka.

— Afinal, para quem vocês trabalham? — em tom amigável, Leo finalizaria devolvendo ao rato outra pergunta, uma mais definitiva.

Claro, independente de quem era o seu mestre, certamente ele ainda era um traidor. Por isso, apesar da aura aparentemente plácida, jamais abaixou sua guarda. Estava atento aos arredores para caso Lin ou outra pessoa tentasse alguma surpresa. Enquanto seus olhos cobriam o seu campo visual, o radar de The True Sight estava de prontidão para identificar ameaças aproximando-se além deste. Dependendo da situação, queria estar pronto para desviar.

Ademais, enquanto aproveitava para tentar adquirir novas informações, também buscaria ganhar tempo para seus poderes retornarem. Naturalmente, buscaria ser extremamente discreto quanto à isso.

Enquanto se equipava, Leonard não pode deixar de ficar bastante intrigado.

“Oho…” — elevando uma das sobrancelhas discretamente, pensou.

Não sabia determinar se o oponente estava dando uma vantagem para ele porque o subestimava ou porque já tinha jogado tudo para cima. No entanto, diante da possibilidade da primeira impressão, seu interior não podia deixar de se remexer um pouco. Entretanto, uma emersão de fato por parte do Sniper Megalomaníaco ainda dependeria de como os próximos movimentos do oponente decorreriam.

— Dadas as circunstâncias altamente perigosas… — o queixo de Leonard levemente apontaria em direção à Segunda Lua. — Acaba sendo um tanto inevitável que eu me preocupe — retrucou, em um tom um tanto sério. — Sócios? — genuinamente surpreso, mas confuso com a situação, Leonard não pode deixar de reagir um pouco mais impulsivamente. — E como exatamente essa sociedade se daria? Edwin iria dividir de bom grado o poder da Segunda Lua com vocês? — novamente elevou sua sobrancelha, bem desconfiado da ideia. Se Lin realmente acreditava naquilo, porém, não sabia dizer. — O Joker seria um grande revolucionário, não fosse sua incapacidade de prezar por qualquer ideal ou pessoas. Talvez seja esse mesmo niilismo, que também é excessivo em seus seguidores, o responsável por atrapalhar tanto o juízo — eventualmente segurou-se, do contrário acabaria expressando demais o aborrecimento acumulado ao longo dos anos.

O oponente não parecia estar mentindo. No entanto, a falta de peças naquele quebra-cabeça era alarmante. Leonard sabia pouquíssimo sobre a operação paralela que aquele agente-duplo havia performado. Talvez o processo em si não interessasse tanto assim — para ele, pelo menos, não para fins que não fossem acadêmicos, como estudar a criação da névoa —, mas as motivações pareciam ser cruciais naquele caso. O Ás estava um tanto incrédulo de que alguém cobiçaria algo análogo a uma arma ancestral somente por dinheiro ou poder despropositado. Nem mesmo ele cobiçava estudar a lua sem um motivo para obter seu poder. Claro, seu desejo era progresso, algo completamente oposto ao Joker e seus subordinados. Todavia, mesmo assim configurava um propósito. Ter o poder somente por tê-lo parecia vazio demais. Haviam métodos mais fáceis de se adquirir fortuna ou poder para ter uma vida tranquila ou garantida.

Pessoalmente, o Ás de Ouros estava realmente em um dilema. Do seu ponto de vista, integrantes da Spades deveriam ascender a cargos com acesso a informações sigilosas com o aviso prévio de que deserções seriam dignas de emissão de recompensa por sua cabeça. Mesmo assim, ele não era muito adepto da opção de executar o alvo de cara. Exceto se o alvo for uma ameaça incontrolável e dificílima de encarcerar como o Joker e seus subordinados. Todavia, o rato, pelo menos a princípio, não aparentava ser esse tipo de ameaça. Na realidade, estando o acesso à Segunda Lua selado àquela altura, Leo já não via esse nível de perigo em Lin. Bem, talvez ele pudesse vender os segredos da organização? Sim, talvez. Ele já não era mais confiável nesse nível. Mas tratá-lo como um perigo ao nível de levar sua cabeça para Khórus parecia exagero. Até por conta disso, queria entender a situação para arbitrar melhor.

— Hmm… E por que os outros ases seriam inadequados? — após murmurar, levantou a questão, genuinamente curioso com a afirmação. — Agora, o que realmente me intriga é o porquê de ir tão longe assim. Puramente pelo poder da lua? Mais nada? — contraindo o cenho, estranharia se fosse o caso. Ainda com suas origens, Lin não parecia ser esse tipo de pessoa.

“Conhecimento, então?” — cerrando os olhos, Leo concluiu mentalmente — “Bem, de fato pode haver registros úteis na máquina… Mas seus motivos ainda são obscuros… Talvez um revolucionário?” — finalizaria, já inclinado a acreditar que não tiraria mais nada dele. Pelo menos, não por ora.

Afinal, devido àquele tipo específico de resposta e às expressões do rato, aquele realmente parecia ser o caso. Provavelmente era justamente pelas inclinações altamente niilistas que ele não conseguia tolerar Edwin como líder. Todavia, a lista de alas e ideologias na Libertadores era um tanto vasta. Talvez ele pertencesse a um secto de ideologia rara? Difícil de analisar por ora.

— HAH! — pego genuinamente de surpresa com a resposta do rato, Leo não conseguiu segurar a momentânea manifestação de seu outro lado.

Talvez porque o Sniper Megalomaníaco, ao contrário de Leo, achasse que explicar-se com exatidão era um sinal de fraqueza emocional, ele não se deu ao trabalho que emitir mais do que uma única e genuína risada. O caçador achava que aquela escolha era por conta, talvez, de precauções específicas contra matéria negra que o tornavam um alvo mais neutralizável. Mas, se a justificativa era nível de poder, bem, o megalômano iria mostrar que ele estava redondamente enganado. A medida restritiva de Nathnaught não duraria para sempre.

Confirmando as três ofensivas, Leonard iniciou sua evasão, obtendo sucesso em duas delas. De certa forma, tinha se distanciado de Lin, também, a 3ª evasão nessa sua conta. No entanto, a presença do Geppou anulava sua neutralização. O inimigo ter uma técnica que, na prática, era um voo não era exatamente um problema. Porém, Leonard teria que se readaptar. Além disso, pelo tempo vigente do selo de Nath, também teria que considerar sua queda de potência, devido à lentidão constatada no atraso das reflexões de ataque.

Enquanto isso, o Tesserato via-se em uma situação complicada. Visivelmente tinha sido detectado e, porque sabia que nenhum espectro de luz visível poderia tê-lo detectado, a resposta com maior probabilidade seria a de visão infravermelha. Não para enxergar a energia térmica criada por eventuais processos internos seus, mas pela manipulação de ar em si. Ao que prontamente percebeu a ameaça em seu corpo, enviou uma breve mensagem em ondas gravitacionais para Leo — que captaria com Dark Disturbance —, na esperança de que ele tivesse alguma solução.

E, de fato, ele a tinha. Só de captar algumas palavras-chave — “Infravermelho” e “carapaça em congelamento rápido” — contidas na rápida mensagem, pode entender o que precisava ser feito. Se ordenasse que o cubo criasse tornados de chamas para se ocultar, os androides não apenas não o veriam — porque as camadas de chamas representariam um obstaculo visual —, como também não o detectariam — porque o calor generalizado inutilizaria a captação de diferenciais de infravermelho, essenciais nos visores do tipo. Afinal, se tudo estivesse quente, seria o mesmo que tudo estar muito luminoso, ofuscando a visão em infravermelho do ser em questão. De quebra, a temperatura também deveria ajudar contra o gelo em formação sobre sua armadura. Os processos tecnológicos do computador analógico de matéria negra não deveriam ficar prejudicados, graças à natureza imaterial dos componentes internos à sua armadura de cristal de matéria exótica. No entanto, talvez pudesse dificultar a locomoção pelo peso extra do gelo? Não tinha como prever, mas de qualquer forma já planejava se livrar daquele segundo coelho, junto da primeira cajadada que lidaria com o primeiro.

Do seu lado do campo de batalha, porém, também tinha seus próprios problemas. Tinha que achar uma forma de dificultar a aproximação do rato simultaneamente ao que afetasse também os 4 androides restantes daquele quadrante.