Usando de suas habilidade que ela imaginava ser de ninja, Hemumu não teve problemas para descer por aquele caminho. Claro, não que tenha sido uma jornada fácil, com um caminho tão destruído como aquele. E isso sem falar do tipo de gente que às vezes passava por ali em plena madrugada, que não eram lá muito agradáveis. Só pelas caras dos meliantes já dava para saber que pelo menos uma pequena parcela deles havia dado algum jeito de acessar a estrada sem falar com os guardas. Além disso, o gasto de tempo para percorrer aquele caminho também foi considerável.
Enfim, chegando ao fim do trajeto, ela finalmente se deparou com o último dos obstáculos : os guardas. Esses, ao verem a chegada da moça, antes mesmo dela mostrar o anel ou falar qualquer coisa, cochicharam algo por alguns segundos antes de atendê-la. Provavelmente tinham notado a situação de seus ferimentos e a falta do seu dedo. Sabe-se lá o que tinham falado entre si, mas fato era que liberaram a passagem da caçadora de recompensas com um sorriso no rosto sem maiores problemas. Seria outro golpe de sorte ?
Andando pela Cidade Baixa de madrugada, não era muito difícil notar que o movimento dali era bem pequeno naquele horário. Isso sem citar a falta de iluminação, que tornavam becos e ruas inteiras um tremendo breu, que só não virou coisa pior devido à ação de alguns postes e de algumas tavernas que ainda estavam abertas durante aquele horário. Numa dessas tavernas, uma placa informou que o lugar também era uma hospedaria, e Yoshizawa se viu obrigada a entrar ali para pernoitar.
Ou melhor, passar o dia também. Entretanto, antes de entrar, ela sentiu um vulto passando a alguns metros atrás de si, mas não soube distinguir a origem dele.
Ao entrar, ela é recebida por uma atmosfera rústica e acolhedora. O ambiente era escuro, com pouca iluminação, mas as velas e tochas espalhadas pelas paredes criam uma atmosfera aconchegante. No centro do salão principal, há uma grande lareira que crepita, aquecendo o ambiente e criando uma atmosfera acolhedora. Há mesas e cadeiras dispostas ao redor da lareira, onde poderia se sentar e desfrutar de uma refeição ou uma bebida, se assim quisesse.
A equipe da taverna é vestida com roupas medievais, como camisas de linho, coletes de couro e botas de cano alto. Eles estão bem ocupados com beberrões descontrolados e não parecem estar de bom humor, dada a hora avançada da noite. Ninguém merece trabalhar de madrugada né ?
Os quartos, segundo um cartaz dali, são simples, mas confortáveis, com camas de dossel, móveis de madeira e lençóis de linho. Cada quarto tem uma janela com vista para a paisagem circundante da Cidade Baixa. Um lugar relativamente acolhedor, para os padrões do bairro pobre.
- Um momento, senhorita.- Ao avistar a cliente no balcão, o hospedeiro pareceu se lembrar de algo e se dirigiu até os fundos, e ficou por lá por alguns minutos. Nesse meio tempo Hemumu pensou ter escutado um som familiar, mas diante da barulheira do bar, não soube identificar exatamente o que era. Enfim, passado o tempo, o homem retornou com uma chave em mãos.
- O seu é o único quarto do último andar, ao fim do corredor. Não tem erro, ele é fácil de achar. Tomei o cuidado de deixá-la isolado dos outros, então não precisará se incomodar com o barulho dos nossos outros clientes. Considere uma isso uma gentileza da casa. - Ele entregou a chave para a moça sem maiores enrolações, informando que o pagamento seria na saída.
Numa parede, Hemumu pôde notar que já eram 04:45 da manhã. Cabia a ela decidir se iria subir a escadaria rumo ao seu quarto para descansar e tratar suas feridas, ou se iria preferir tentar a sorte no porto antes do amanhecer. Em razão dos medicamentos adquiridos ela não se sentia exatamente cansada, mas também sabia como médica que não demoraria nem 10 minutos para que as dores voltassem. Mas pelo bem dela, o mestre esperava que a personagem decidisse rápido, já que alguns beberrões já estavam ficando mais a vontade para serem babacas devido ao álcool.