Escritório do Tsuchikage - Manhã Com um gesto firme, Hakuryū empurrou a porta e entrou na sala, seguido por Hazu, que mantinha sua postura rígida e séria. O escritório era amplo, com uma vista panorâmica da vila, o que tornava o espaço ainda mais imponente. Han estava de pé, com as mãos cruzadas atrás das costas, observando além da janela as vastas montanhas que cercavam Iwagakure. Seu semblante calmo, mas calculista, parecia pesar cada detalhe que seus olhos capturavam.
Hakuryū e Hazu se colocaram lado a lado, ambos com as mãos às suas laterais em posição de respeito. Os olhos de Han, que eram duros como a pedra que simbolizava a vila, se voltaram para os dois jovens. Ele os cumprimentou com um aceno de cabeça silencioso, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, uma voz estridente e cheia de sarcasmo cortou o ar da sala.
Makarov "
Ahh! Finalmente! Os garotos de pedra!" gritou uma voz alta e rouca, carregada de um certo tom de malícia.
Ambos os jovens se voltaram rapidamente, notando pela primeira vez a presença de um pequeno homem, encurvado e com uma grande caneca de bebida na mão, sentado em um canto da sala. Makarov, o lendário shinobi conhecido como o
Gigante da Pedra, estava ali, com um sorriso torto no rosto, suas bochechas levemente avermelhadas pelo efeito da bebida. Ele era uma figura conhecida, mas não por sua conduta exemplar. Primo do antigo Tsuchikage, Makarov era famoso por seu poder descomunal, mas também por ser um tarado e beberrão incorrigível. O velho senhor era conhecido por seu senso de humor questionável e por não se importar em envergonhar quem quer que fosse com suas piadas sujas.
Makarov se ergueu, cambaleando um pouco, e aproximou-se dos dois jovens. "
Olhem só! O que temos aqui... dois rapazes com rostos tão bonitos quanto a pedra... ou será que... uma delas é uma garota?" Ele piscou exageradamente para Hazu, que manteve sua expressão séria, embora uma leve rigidez percorresse seu corpo.
A bebida parecia afetar a visão de Makarov, e seus olhos semicerrados fixaram-se nos longos cabelos de Hazu. Com uma risada zombeteira, ele esticou o braço, apontando para o jovem ninja. "
Ei, você aí! Com esse cabelo todo... está me confundindo! Como é que pode um jovem tão belo... ou bela? Que tal uma noite nas montanhas, hein?" Ele soltou uma gargalhada exagerada, visivelmente satisfeito com sua piada.
Hakuryū, que geralmente mantinha uma postura rígida, não conseguiu evitar uma risada discreta diante da situação constrangedora. O constrangimento de Hazu, ainda que ocultado por sua seriedade, era palpável. Han, por outro lado, suspirou profundamente, como se já estivesse acostumado com as excentricidades de Makarov.
"
Chega, Makarov," disse Han com um tom firme, mas não sem um toque de cansaço. Ele se voltou para os dois jovens. "
Hakuryū, Hazu, este é Makarov, conhecido como o Gigante da Pedra. Ele é... peculiar, mas seu poder é lendário. Além disso, ele foi um grande aliado durante a época do meu predecessor."
Makarov deu um passo em falso e quase derrubou a caneca de bebida, mas conseguiu recuperá-la com um sorriso largo no rosto. "
O prazer é todo meu, garotos! Qualquer um que sobreviver à minha companhia merece respeito!" Ele riu de si mesmo e voltou a se sentar no canto da sala, balançando a caneca de bebida de um lado para o outro.
Han, sem perder mais tempo, virou-se para Hakuryū, seus olhos sérios agora cravados no jovem líder. "
Hakuryū, tenho uma missão especial para você."
Hakuryū endireitou-se ainda mais, assentindo com a cabeça em sinal de prontidão. Embora seu rosto mantivesse a expressão neutra, seus pensamentos começaram a vagar. Enquanto Han explicava os detalhes da missão, Hakuryū se pegou lembrando dos últimos três anos de sua vida e das conversas que tivera com seu antigo sensei. Desde que assumira o manto de líder, sua responsabilidade apenas aumentara, e a influência de seu sensei ainda ecoava em suas decisões.
[...]Flashback part2: O Peso de Mil Pedras...
Enquanto Hakuryū ouvia as palavras de Han sobre a missão, sua mente começou a vagar pelos últimos três anos. Foram tempos difíceis, de desafios crescentes e responsabilidades cada vez maiores. Ele não era mais o jovem promissor apenas conhecido por seu talento — agora, ele era visto como um dos futuros de Iwagakure, um pilar em formação, alguém em quem a vila poderia confiar para enfrentar o caos iminente.
A pressão era imensa, mas Hakuryū encontrou seu alívio em momentos de meditação. Sempre que podia, entre missões exaustivas e perigosas, ele tirava tempo para se retirar para os cantos mais tranquilos de Iwagakure, lugares que apenas ele, seu sensei e seus parceiros de time conheciam. Ali, em silêncio, ele se concentrava, esvaziava a mente e deixava o peso de suas responsabilidades para trás, mesmo que por breves instantes. Esses momentos de introspecção eram essenciais para que ele pudesse continuar firme, guiado pelas palavras de seu sensei, que sempre o lembrava da importância de equilibrar força e serenidade.
O amadurecimento de Hakuryū foi inevitável. Ele se tornou mais sábio, mais cauteloso, e, ao mesmo tempo, mais consciente do mundo ao seu redor. Os eventos em Iwagakure, especialmente o surgimento da Akatsuki, trouxeram uma sombra que pairava sobre a vila. Ele lembrava vividamente das conversas com o Tsuchikage, onde discutiam a crescente ameaça dessa organização. Os relatos eram perturbadores — a Akatsuki estava ganhando força, expandindo território, recrutando mercenários poderosos e deixando um rastro de destruição por onde passavam.
Hakuryū sentiu uma pontada de dor no coração quando se lembrou do que essa organização representava pessoalmente para ele e para Hazu. Foram os mesmos homens de vestes negras com nuvens vermelhas que massacraram o time de Hazu. Quando soube disso, Hakuryū sabia que, mais cedo ou mais tarde, eles teriam que agir. A Akatsuki não era uma ameaça que poderia ser ignorada.
E então, a memória que ele sempre tentava reprimir voltou à tona — Brakios Hazu, seu antigo parceiro de time e grande amigo. Brakios era como um irmão para ele, mas o destino foi cruel. A irmã mais nova de Brakios estava no time que fora dizimado pela Akatsuki, o mesmo time de Hazu. O luto de Brakios o consumiu. Ele não conseguiu conter seu desejo de vingança, e Hakuryū, apesar de todos os seus esforços, não conseguiu impedir seu amigo.
Brakios fugiu da vila, rastreando os mercenários da Akatsuki em busca de justiça. Durante dias, Hakuryū e Kinoshita Narie, tentaram encontrar Brakios antes que ele cometesse uma loucura. Mas eles foram tarde demais. Quando finalmente localizaram seu amigo, tudo o que restava eram partes de seu corpo. A brutalidade da morte de Brakios foi tão devastadora que, naquele momento, o coração de Hakuryū se quebrou. E não foi só o dele. Kinoshita Narie, que havia lutado lado a lado com Brakios por tantos anos, desmoronou ao ver o que restou de seu companheiro.
Hakuryū carregava aquele peso com ele até hoje. Mesmo com toda a sua força e determinação, não pôde salvar seu amigo. Aquela perda moldou sua perspectiva, tornou-o mais severo com seus próprios erros e mais comprometido em proteger aqueles sob sua responsabilidade. O sacrifício de Brakios não seria em vão. Hakuryū jurou naquele momento que faria o possível para enfrentar a Akatsuki, para impedir que mais vidas fossem destruídas pela sua fúria.
[...]Mas agora, de volta ao presente, antes que Han pudesse continuar falando sobre a missão, a porta do escritório foi abruptamente aberta. A atmosfera na sala ficou ainda mais tensa, enquanto todos os olhos se voltaram para a figura que acabara de entrar...
[...]A porta do escritório do Tsuchikage se abriu bruscamente, e uma figura ofegante entrou, curvando-se ligeiramente, ainda respirando pesadamente após o esforço. Era
Kinoshita Narie. Seu rosto estava levemente suado, com fios de cabelo escapando da faixa que os prendia, emoldurando suas feições exaustas, mas determinadas. Ela havia acabado de retornar de uma longa missão, e ainda que cada fibra de seu corpo estivesse clamando por descanso, ela estava ali. Narie nunca mais abandonaria seu time — essa era uma promessa que tinha feito a si mesma, uma jura que não quebraria, independentemente do cansaço.
Ela ergueu a cabeça e se endireitou com dificuldade, lançando um olhar breve a Hakuryū e Hazu, que estavam parados lado a lado. Havia algo reconfortante em vê-los ali, mesmo que seus músculos estivessem em chamas e sua mente turva pela exaustão. Hakuryū lhe lançou um olhar de reconhecimento, misturado com a leve sombra de preocupação. Ele sabia que Narie estava se forçando além do limite, mas também entendia seu desejo inabalável de estar presente.
O Tsuchikage, Han, a observava com seu olhar calculista e sereno, sem surpresa por sua entrada repentina, mas levemente franzindo a testa ao ver o estado em que ela se encontrava.
"
Kinoshita Narie," ele disse com uma voz firme, mas não sem um toque de simpatia. "
Você acabou de retornar de uma missão... deveria descansar."
Narie balançou a cabeça lentamente, um sorriso cansado se formando em seus lábios. "
Descanso pode esperar, Tsuchikage-sama. Meu time está aqui, e eu também devo estar."
Ela deu um passo à frente, com as pernas ainda pesadas, lembrando-se da última missão que a deixara exausta. Havia sido mais difícil do que o esperado, não por sua complexidade, mas pela frustração. Narie havia sido enviada ao País do Chá, encarregada de escoltar um figurão rico e cheio de exigências absurdas. O homem não apenas exigiu atenção constante, como também parecia mais interessado em exibir sua fortuna e status do que em chegar ao destino em segurança. Para piorar, ele teve a ousadia de tentar arranjar um casamento para Narie com seu filho mais novo — uma criança que mal havia saído das fraldas. Narie, embora profissional, teve que lutar contra o desejo de rolar os olhos a cada nova tentativa de aproximação.
Entre os longos dias de viagem e a necessidade constante de se esquivar das insinuações e propostas, a missão fora um teste de paciência e força mental. Ainda assim, mesmo com o desconforto crescente, Narie tinha cumprido seu dever. E agora, mesmo após ter entregue o cliente em segurança e viajado de volta sem pausa, ela estava aqui, no escritório do Tsuchikage, porque havia algo maior que qualquer missão individual. Seu compromisso com seu time, com Hakuryū e Iwagakure, era inabalável.
Há três anos, ela perdera Brakios Hazu, seu companheiro de time, e aquela ferida ainda estava aberta, latejando no fundo de sua alma. O horror daquele dia, ao ver o corpo de Brakios destroçado pelos mercenários da Akatsuki, era algo que Narie carregava consigo em cada missão. Desde então, ela prometeu a si mesma que nunca mais ficaria para trás, que nunca mais deixaria que seu time enfrentasse o perigo sem ela ao lado. A culpa de não estar lá quando Brakios partiu em busca de vingança ainda a consumia, mas essa promessa era o que a mantinha em movimento, mesmo quando tudo dentro de si gritava por descanso.
Narie sabia que Hakuryū entendia. Ele também fora marcado pela morte de Brakios, e ambos se apoiaram no outro para continuar, mesmo quando parecia impossível. Eles eram os últimos remanescentes de seu antigo time, e esse laço os tornava mais fortes, mais unidos. Olhando para Hakuryū agora, Narie percebeu que, mesmo sem palavras, ele agradecia sua presença.
O velho Makarov, sentado em um canto da sala com sua caneca de bebida na mão, soltou uma gargalhada rouca e zombeteira. "
Ah, então a flor da pedra também se juntou a nós! Não que alguém aqui esteja reclamando!" Ele piscou com uma risada maliciosa, claramente já afetado pela bebida. Narie ignorou a piada suja com um simples revirar de olhos, já acostumada com o comportamento do velho lendário.
Han suspirou, como se já soubesse que não valia a pena repreender Makarov. Ele então voltou sua atenção para Narie com uma expressão mais séria. "
Bem, já que todos estão aqui, podemos prosseguir." Ele olhou para Hakuryū e continuou. "
Como eu dizia, há uma missão especial que requer a experiência e habilidade de seu time."
“
É uma missão de grande importância estratégica para Iwagakure. Vocês irão acompanhar Makarov até o Forte Rokkumonkī, sede do Esquadrão Shichinintai.”
Os olhos de Narie, ainda lutando contra a exaustão, se estreitaram com o nome. O Forte Rokkumonkī, uma fortaleza localizada em uma região árida e isolada, era conhecido por sua natureza inóspita e pela força militar do esquadrão que o guardava, o Shichinintai. Um grupo seleto de shinobis de elite, liderados por Roshi, o
jinchuuriki do Yonbi. Levar uma missão para esse local nunca era algo simples ou rotineiro. Havia sempre riscos implícitos, tanto pela natureza dos guardas como pelos tesouros que o local mantinha.
Han continuou, seus olhos observando cada reação de seus shinobis. “
Vocês irão entregar alguns itens valiosos diretamente a Roshi. Não posso entrar em detalhes sobre o conteúdo desses itens, mas saibam que eles são vitais para mantermos nossa segurança contínua da região.”
Enquanto Han falava Narie franziu a testa piscando os olhos rapidamente, e uma imagem se formou em sua mente: a silhueta gigantesca de Kokuou, a Besta de Cinco Caudas, emergindo em meio a névoas densas. Desde que havia recebido o manto da besta, esses sussurros vinham se tornando mais frequentes, e, embora nunca compreendesse totalmente as palavras, elas sempre carregavam um peso profundo.
Desta vez, no entanto, um fragmento mais claro atravessou o emaranhado de pensamentos. Uma única frase, carregada de desdém, emergiu do fundo de sua consciência.
"
Macaco estúpido..."
Narie franziu o cenho, intrigada, mas logo voltou a concentrar-se na voz do Tsuchikage. A voz de Kokuou era um mistério que ela ainda precisava desvendar completamente, mas uma coisa era certa: algo estava mudando dentro dela.
Como vão proceder?
Ação livre para: @Keel Lorenz @Hemurin @hazuray