Haku ficou pensativo com as palavras de Han. De fato, o passado de um ninja, ao que atingisse grande experiência como a do sensei, parecia fadado a tragédia. Mesmo assim, apesar das escolhas difíceis que devia ter feito por conta das guerras dos senhores feudais, ainda considerava Han uma boa pessoa, um bom sensei e, inclusive, achava realmente que daria um bom kage. Ele era calmo, compassivo e também do tipo de pessoa que dava para facilmente conversar em termos de razoabilidade.
Um tanto inábil em interações interpessoais, porém, não sabia o que dizer e, por isso, limitou-se a sorrir gentilmente ao agradecimento do professor.
Apesar de não ter habilidades como as de Brakios, durante a viagem também buscaria permanecer atento aos arredores com seus cinco sentidos. Teriam que tomar bastante cuidado na viagem dali em diante, afinal.
Já em território do relâmpago, Haku pode sentir a tensão no ambiente atingir níveis altíssimos. De fato, as coisas pareciam estar esquentando o suficiente para que eventualmente se tornassem numa guerra total. Uma guerra das bem perigosas, com todo tipo de habilidade, kekkei genkai, kekkei tōta e jinchūrikis envolvidos.
Uma daquelas trilogias onde dois dos filmes são puros recaps de material não-inédito inevitavelmente se formou na cabeça de Haku em reação à recapitulação dada por Han-sensei a Narie. Entretanto, relembrar é viver e, pelo menos, não poderia dizer que era totalmente inútil refrescar alguns dos fatos que haviam visto no passado. Peças sobressalentes desse tipo costumavam se mostrar bastante úteis em quebra-cabeças futuros, por mais impossíveis que pudessem parecer.
Conforme o esperado, o terceiro filme não foi recap e, inclusive, bem interessante. A história sobre o templo Shirabu, aliás, parecia muito relevante para todo o contexto complexo que os países enfrentavam naquele momento. Quer dizer, por mais que genética fosse importante, as ditas “armas” mais relevantes ainda pareciam ser as Bijūs. Se aquele templo pudesse ajudar a entender o que elas eram, talvez alguma coisa pudesse ser feita para ajudar naquela situação.
A imagem das Bijūs foram extremamente interessantes. Testemunhar a aparência de uma besta já era algo raro o suficiente para que nem eles, pupilos de um jinchūrikis, tivessem visto a do seu sensei. Ver as nove de uma vez, então, era algo extremamente valioso do ponto de vista de Haku. Ainda mais quando suas aparências estavam numa condição tão curiosa quanto aquela. Já tinha visto a três caudas anteriormente e, por isso, não demorou a identificar o quão jovem parecia. Vendo por aquele ângulo, inclusive, todas as bestas pareciam filhotes de algum tipo de animal. Aquela ideia fazia a cabeça de Haku fervilhar ainda mais. Afinal, pelo menos no seu imaginário de senso comum, as Bijūs sempre pareceram forças inerentes à natureza, sem começo e sem fim. Por isso, a possibilidade delas terem tido um ponto de concepção e nascimento era algo absolutamente fascinante. Fosse aquilo uma gravura que remetesse à origem de todo a natureza daquele mundo ou não, de qualquer forma aquela parecia uma peça de conhecimento crucial. Bom, pelo menos para quem queria entender os mecanismos por trás dos jutsus, saber do literal velho testamento daquele mundo — possivelmente a gênese — parecia algo bem importante.
Fixado no mural, a princípio evitaria andar. Até para evitar acidentes. Porém, trataria de voltar à terra quando o sensei se manifestasse.
As falas de Narie, aliás, também acabaram sendo algo que foi capaz de atrair a atenção, ainda que momentaneamente, do boquiaberto Hakuryū.
Enfim, seguindo as instruções do sensei com atenção, entraria com cautela no local e planejaria sua abordagem.
Narie havia se dirigido aos livros, algo que talvez acabasse se mostrando necessário, mas que, de cara, Haku achava a menos provável de ser a mais instrutiva. Livros eram uma fonte densa de informações, tanto que chegavam a ser mais lentos de assimilar. Entretanto, por serem de papel, eram relativamente menos duráveis que inscrições, pinturas ou entalhes em paredes. Quando se quer guardar algum conhecimento — ainda que ele seja de natureza iniciática e, portanto, codificado para que não caia nas mãos de alguém que não é do “clube” — uma fonte durável tem que ser o foco. Além disso, acreditava que noções fundamentais é que seriam justamente as que seriam registradas em tais meios para as gerações futuras. Sendo assim, a escolha de um sujeitinho curioso e narigudo como Haku obviamente foram as paredes do templo cheias de desenhos estranhos.
Pela lógica, Brakios acabaria ficando com as pinturas, peças que Haku acreditava que, talvez, pudessem contar uma história quadro a quadro. Entretanto, porque estava tão curioso, também queria pôr os próprios olhos nas pinturas, uma a uma. Até porque, ter memória visual enquanto Brakios-kun desse suas explicações daria ao original uma experiência muito mais vívida do relato. E, considerando o quão esfomeado estava por aquele conhecimento, isso era de enorme valor para ele. Sendo assim, copiando Narie dentro do possível, faria um Kage Bunshin.
Diferente do original, o clone não deveria ser capaz de fazer grandes trabalhos cognitivos. Entretanto, Haku não precisava e nem desejava isso. Aquela parte do trabalho era de Hazu. As ordens para o clone, portanto, seriam tomar cuidado para não cair em armadilhas ou causar problemas e, ao lado de Hazu, focar em memorizar as imagens, seus detalhes, possíveis símbolos e a situação de todos os quadros o melhor que pudesse. Quando o clone fosse desfeito, as explicações de Brakios ficariam muito mais vívidas.
Enquanto isso, o Haku original seguiria para as paredes. Tomando cuidado para não acionar qualquer botão oculto ou mecanismo de armadilha sem querer, o chūnin iniciaria sua análise dos desenhos da parede. Entretanto, já imaginando que lógica pura não seria suficiente, buscaria libertar a imaginação. Como já havia ponderado anteriormente, conhecimentos costumavam ficar codificados em símbolos para que ninguém indesejado os soubesse tão facilmente. Por isso, procuraria aplicar o máximo de conhecimentos prévios que conseguisse se lembrar para tentar captar o máximo de referências nos desenhos e possíveis símbolos que poderia encontrar. Com tudo isso, buscaria determinar, por exemplo, se os desenhos eram instruções para ativar ou encontrar a tal passagem secreta para a biblioteca, se eram um conhecimento codificado, se eram ambos ao mesmo tempo ou outra coisa.
Ações iniciam na inicial maiúscula colorida.