A galera que é a favor da pena de morte está basicamente usando de falácias e mentiras para justificar seu ódio exacerbado contra os criminosos.
Aquela velha do "fui assaltado e agora to com raiva, preciso de uma desculpa pra querer matar os caras".
O primeiro erro, é pensar que o trabalho nos presídios é algo "tão ruim quanto a pena de morte" ou que seria uma espécie de trabalho escravo.
As pessoas, em uma sociedade, trabalham para pagar seus impostos. No caso do trabalho carcerário, seria a mesma coisa, só que na cadeia, tendo que pagar pelos gastos da mesma. Como se fosse um cidadão comum pagando seus impostos. Isso mesmo em caso de prisões perpétuas causadas por crimes hediondos e afins. Pois se o crime foi o suficiente para sentenciá-lo a uma pena de prisão perpétua, é porque sua dívida com a sociedade equivale a tal, então ainda sim estaria trabalhando para pagá-la.
Trabalho escravo é diferente, o que o caracteriza é o abuso das condições físicas do trabalhador em condições inadequadas aonde o trabalhador é visto como propriedade do patrão.
Algumas definições:
"É quando o trabalhador não consegue se desligar do patrão por fraude ou violência, quando é forçado a trabalhar contra sua vontade, quando é sujeito a condições desumanas de trabalho ou é obrigado a trabalhar tão intensamente que seu corpo não aguenta e sua vida pode ser colocada em risco. Trabalho escravo não é apenas desrespeito a leis trabalhistas ou problemas leves. É grave violação aos direitos humanos."
Fonte: http://www.trabalhoescravo.org.br/conteudo/tres-mentiras-sobre-o-trabalho-escravo
De acordo com o artigo 149 do Código Penal brasileiro, são elementos que caracterizam o trabalho análogo ao de escravo: condições degradantes de trabalho (incompatíveis com a dignidade humana, caracterizadas pela violação de direitos fundamentais coloquem em risco a saúde e a vida do trabalhador), jornada exaustiva (em que o trabalhador é submetido a esforço excessivo ou sobrecarga de trabalho que acarreta a danos à sua saúde ou risco de vida), trabalho forçado (manter a pessoa no serviço através de fraudes, isolamento geográfico, ameaças e violências físicas e psicológicas) e servidão por dívida (fazer o trabalhador contrair ilegalmente um débito e prendê-lo a ele).
Fonte: http://reporterbrasil.org.br/trabalho-escravo/
Não é assim que funciona -ou que deveria funcionar- o sistema carcerário de trabalho nos países que o adotam. A ideia é fazer com que o mesmo PAGUE sua dívida com a sociedade, ao infringir a lei imposta pela mesma. No caso, ele não contrairia essa dívida de forma injusta, mas seria algo a qual ele está sujeito desde que nasceu introduzido em uma sociedade à qual essas leis regem. E sem abusos físicos, pois isso inclusive compromete o rendimento do trabalhador. Então não é um débito imposto, muito menos ilegal. Logo, não se enquadra como trabalho escravo de maneira alguma. Mesmo no caso da prisão perpétua, como eu já disse.
Também não é visto como propriedade do patrão, pois trabalha com o objetivo de pagar sua próprias dívidas, e não para sustentar os negócios de seu "dono".
Além disso, os que não estão condenados a prisão perpétua, ao saírem, podem contar com algum dinheiro contraído de seu trabalho dentro dos presídios, ao trabalharem além do necessário para pagar seus gastos dentro da cadeia. Além de poderem conseguir uma nova ocupação assim que saem da cadeia, pois em diversos países existem também cursos técnicos~~profissionalizantes e afins nas mesmas (inclusive já existem projetos no próprio Brasil), o que serviria para finalizar um processo de reintegração á sociedade.
Isso também seria uma solução para o problema do maior investimento em presos em relação ao investimento aos alunos de escolas públicas, já que as despesas seriam diminuídas a partir do momento que o prisioneiro tem a chance de pagá-las. E sinceramente não acho que a diminuição dos gastos nos presídios aumentaria os gastos com educação. Aliás, costuma ser o oposto. Se tivermos educação de qualidade, teremos mais oportunidades e mais profissionais qualificados, e a criminalidade cairia. Não adianta falar que é mentira, pois diversos dados mostram o oposto.
Quem acha que o sistema carcerário de trabalho é algo análogo a escravidão, pouco sabe a respeito do conceito de trabalho escravo, assim como pouco sabe também a respeito do sistema carcerário de trabalho.
Agora, ao mesmo tempo, também me pergunto qual o porquê dessa preocupação por parte dos indivíduos a favor da pena de morte com o
suposto trabalho escravo. Vocês queriam que ele morresse à pouco, mas agora clamam por condições dignas ao mesmo. Irônico, rs.
A única desculpa que resta é a dos gastos. Mas, como eu já disse antes, eles podem ser contraídos pelo próprio prisioneiro. E, como eu também já mostrei, essa também seria uma solução mais humana. Longe de um trabalho escravo.
Só o que resta ser dito é que empresas privadas usam mão-de-obra carcerária. Assim, além do preso poder pagar todas as suas despesas, ainda movimentaria a economia de maneira positiva. Dessa forma, o detento trabalharia para si, mas ainda seria útil a outros setores sociais.
Assim, oferecendo trabalho aos presos ao invés de encurtar suas vidas -o que ainda causaria gastos com a execução, como creio já ter sido apontado- só teríamos a ganhar, tanto humanamente quanto economicamente. Como eu já disse, os que são a favor da pena de morte ou são mal informados, ou só buscam a vingança.
Sobre o argumento de que o fato dos presos serem vítimas da sociedade é uma "mentira para proteger bandidos", eu diria que é só mais um discurso de gente com raiva que não procura se informar sobre o assunto.
Basta basta comparar os índices de criminalidade com o de desigualdade social, que costumam coincidirem entre si. Ou seja, geralmente, quanto maior a desigualdade e menor o acesso do cidadão de baixa renda a serviços básicos, maior costuma ser a criminalidade do país, assim como, quando a desigualdade é ínfima e há serviços públicos de qualidade a todos, a criminalidade também é baixa.
Obviamente isso não é coincidência.
Textos que confirmam o que eu disse até então:
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-baixa-diferenca-entre-as-classes-explica-a-baixissima-criminalidade-da-islandia/
http://institutoavantebrasil.com.br/brasil-holanda-e-estados-unidos-panorama-dos-sistemas-penitenciarios/
Isso sem contar a ineficiência do sistema punitivo, aonde muitos inocentes seriam condenados sem necessidade, como já disseram. Mas isso é algo óbvio e nem precisa ser explicado. Nesse caso, não seria "matar 10 para salvar 1000" e sim matar um para matar mais dez. Mesmo se matarmos dez culpados, isso não valerá a vida levada de um único inocente.