Roukko escreveu: Shey escreveu: Roukko escreveu: Heráclito e Parmênides e uma pitada de Platão?
Unir as discordâncias de Heráclito e Parmênidis? Como?
Foi simplesmente o que Platão fez... falando resumidamente, para Platão, Heráclito só está certo ao mundo dos "sentidos", enquanto Parmênides só está certo na questão das idéias.
Apesar de eu achar essa ideia de ''união'' dos dois fantástica ainda não me entra na cabeça...
Enfim por isso que falei ali "e uma pitada de Platão"
É interessante ressaltar que Heráclito tomou a posição de que apenas as mudanças são reais — não há identidade.
"Você não pode entrar no mesmo rio duas vezes", ele disse; porque o rio, tendo mudado, é um novo rio, e você, mudando, é um novo você.
"Nada é permanente, exceto o fato da mudança" — é outro pensamento dele. A mudança é real, a identidade é ilusão. E Parmênides assumiu a posição oposta:
"Toda a mudança é uma ilusão."Platão tentou resolver esse problema dizendo que existem dois mundos: o mundo "real" — das formas, que são perfeitas e imutáveis —, e o mundo sensível que todos nós percebemos ao nosso redor, e que é uma cópia imperfeita do mundo das formas e, na medida em que a cópia é imperfeita, também é ilusório. Incluídas entre essas ilusões estão as aparências da mudança, bem como ilusões familiares — como o espaço visível encolhendo com a distância: nas três dimensões.
Se nos situarmos nos tempos modernos, ainda temos dois mundos: o mundo sensível — que percebemos à nossa volta —, e que é chamado de mundo empírico: objeto de estudo da ciência empírica e do mundo da ciência teórica, que os físicos descrevem
"como o mundo das causas subjacentes dos fenômenos empíricos", e que é imperceptível, ou não empírico (que significa "teórico" e "subjacente"). Descrever as causas significa explicar seus efeitos, então a ciência teórica explica o que a ciência empírica descreve. O mundo empírico é uma cópia imperfeita do mundo teórico e, na medida em que é imperfeito, é ilusório. Assim, o espaço visível — que se estreita com a distância (e todas as qualidades secundárias [as sensações]) faz parte do ilusório, diferente dos dados sensoriais que produzem as leis científicas.
Algo digno de nota é a semelhança entre a ciência teórica e a filosofia grega antiga: o espaço-tempo de Einstein é surpreendentemente parecido com o de Parmênides: se o tempo é uma dimensão dentro do espaço-tempo, então não há passagem de tempo e a nossa sensação de tal passagem é ilusória.