Digamos, pelo bem do argumento, que Deus é uma "realidade". Digamos que Deus teve um
propósito e um plano ao criar o universo, o "mundo" e todos os seres deste mundo. Qualquer um que dê a essa ideia uma quantidade prolongada de pensamento terá que admitir que existe, de forma inerente, uma inevitável regressão infinita. Digamos, arbitrariamente, que o propósito de Deus em nos criar foi para que possamos reconhecer a sua grandeza. Então... Isso simplesmente levanta a questão do motivo de Deus querer isso. Digamos que Deus desejou tal coisa porque Deus é um egotista narcisista que anseia atenção e elogio dos outros. Então, por que Deus é um egotista narcisista? Ele é um egotista narcisista porque ele nasceu desse jeito. Por que ele nasceu desse jeito? Ele nasceu dessa maneira porque ele se origina de uma realidade alternativa chamada
Matriz Divina — que é preenchida por milhões de seres divinos e onipotentes.
Com tantos seres onipotentes ao redor, surge um dilema: a vontade de um ser onipotente se choca com a vontade de outro ser onipotente — de acordo com as leis dessa realidade alternativa. A divindade cuja vontade é a mais forte e que se estima como a mais alta sairá vitoriosa. Através de um processo não tão diferente da seleção natural, todas as divindades mais humildes perecem e as divindades mais orgulhosas e autoabsorvidas prosperam. O Deus da nossa realidade é um dos frutos dessa evolução. Bem, então.... De onde veio a
Matriz Divina? A Matriz Divina é essencialmente um órgão dentro do corpo de uma superdeidade,
O Fundador — que é uma entidade cósmica que contém dentro de seu próprio corpo todos os universos e as realidades possíveis. O Fundador notou que o conteúdo de seu corpo era muito vazio e pusilânime, e que sua vida seria mais interessante se ele pudesse colocar em movimento um sistema que produz deidades — para encher a sua grande barriga de matéria, vida e propósito. Essa explicação aumentaria a questão do motivo por trás do vazio e fome (tratando-se da matéria) que O Fundador sentia?
Vocês veem onde eu estou querendo chegar aqui? Mesmo que soubéssemos sobre a existência de Deus — e que conhecêssemos o seu propósito de criação —, isso só levaria a mais perguntas e incertezas. De fato, qualquer explicação que eu poderia pensar para a nossa existência só aumentaria o nosso leque de perguntas e incertezas. Agora, alguns teístas podem tentar resolver esse problema dizendo que a mente de Deus ultrapassa a compreensão humana e que é inútil tentar compreender o seu raciocínio criacional, mas essa resposta apenas evita o problema da regressão infinita — em vez de confrontá-la. Isso me leva ao cerne da minha postagem: esse propósito está naturalmente interconectado com a arbitrariedade — esse significado está interconectado com o absurdo. É por isso que ninguém ainda descobriu o "significado" da vida, porque as pessoas estão procurando por uma explicação completamente e infinitamente significativa — mas o significado infinito não existe. Qualquer significado, propósito ou
"design" implica, naturalmente, alguma inutilidade, arbitrariedade ou absurdidade. Tentar encontrar uma finalidade sem disparate é como tentar encontrar uma agulha no palheiro
sem saber que há uma agulha no palheiro. É impossível. Uma agulha, para ser encontrada no palheiro, implica que você sabe que há uma agulha lá; da mesma forma, a criação de um propósito implica a criação de disparates. O propósito e o absurdo estão engajados em uma espécie de ciclo ou vórtice infinito — onde nenhum deles pode existir independentemente do outro.
Mesmo agora, enquanto faço este post sonífero, estou presumindo que as palavras que estou digitando têm significado. No entanto, essas palavras só são significativas de um certo ponto de vista. As palavras, afinal, são metáforas arbitrárias que não têm relação inerente com os seus referentes. Por exemplo, eu posso referir-me a uma entidade particular como um "gato", mas esse termo, por mais que seja significativo para mim (eu possuo uma paixão por gatos, como todos do fórum sabem), é absurdo — porque não tem nada inerentemente em comum com essa entidade: além do fato de que isso é uma escolha arbitrária (eu posso chamá-lo assim porque sim).
Além disso, as letras que compõem o meu post são apenas "marcas" sem sentido, conjuntos arbitrários de linhas e curvas sem uma lógica absoluta quando se trata da aparência. Toda semana eu faço algum tópico idiota aqui no fórum. Esses tópicos são significativos para mim, mas, ao mesmo tempo, são pensamentos idiotas e sem sentido — que não têm valor além do que as pessoas imaginam que eles tenham. Por isso, eu me pergunto: quando as pessoas fazem a pergunta —
"Qual é o seu sentido para a vida?", "Qual é o significado da vida? — Qual o tipo de resposta elas esperam ouvir? O
"significado", o propósito da vida, pode ser mais lógico do que a palavra
"gato"?
Muitos esforços foram feitos pelos cientistas para tentar explicar a nossa existência, no entanto, não importa o quão detalhadas essas explicações se tornem ou o quão longe elas possam tocar o nosso passado — o fato é que elas apenas abordam o
"Como?" da nossa existência, mas não o "
Motivo".
Por que estamos aqui? Incluído nessa questão jaz a suposição de que a vida, de fato, tem um significado —
Qual o SEU sentido para a vida, @Kangaroo?
Então, abordemos essa questão — a vida tem um significado? Como um ateu, seria muito fácil para mim responder de forma negativa: a vida é inútil. Mas, como filósofo, eu sei que isso é falso. Mais precisamente, a vida é um paradoxo: a vida tem um propósito e, ao mesmo tempo, a vida não tem nenhum propósito. Portanto, a pergunta
"Qual o significado da vida?" possui a desgraça de ser uma questão que se baseia em uma questão cuja resposta é um paradoxo. À luz dessas circunstâncias, as limitações da lógica moderna não nos permitem avançar ainda mais para produzir uma resposta específica a essa questão. O propósito e a arbitrariedade estão interconectados; são duas forças que constantemente se dobram em um nó infinito. Assim, de acordo com essa maneira de ver as coisas, a vida não tem sentido — e a falta de sentido da vida é o significado da vida, e esse significado é o que torna a vida sem sentido — e assim o ciclo continua.