Simples: a maior dívida está com a mulher que é negra e homossexual, pois ela acumula todos os três tipos de violência mencionadas.
Sofre opressão de gênero por ser mulher;
Sofre opressão de cor por ser negra;
Sofre opressão sexual por ter uma orientação sexual diferente (aqui caberia citar até mesmo as mulheres trans, que estão à margem do padrão cis).
Hildr escreveu: Acho errado relativizar formas de opressão como se uma fosse mais digna de pena e reparo ante outra.
Concordo. E apenas fazendo uma ressalva:
Ah, claro, há claramente níveis de opressão e, no caso de homossexuais e negros creio eu que seja mais acentuado por envolver tortura, mortes, etc. Em questão quantitativa, creio que esses dois grupos se destacam, não menosprezando o caso das mulheres (que muitas vezes envolve erotismo e tradição na relação conjugal pregada, incrivelmente, por religiões).
A violência contra a mulher se manifesta de diversas maneiras, inclusive na forma de tortura e assassinato. Eu queria acrescentar que, embora a população negra também sofreu bastante com a escravidão e os reflexos dela que se manifestam até os dias atuais, não somente no Brasil, mas também nos vários outros países americanos onde o tráfico negreiro foi atuante, as mulheres sofrem com as várias nuances de opressão que vão desde as que você citou, até o caso de feminicídio, onde as mulheres morrem sem razão alguma, a não ser pelo fato de serem mulheres.
Para você ter uma noção de que mesmo se tratarmos em uma questão quantitativa, a opressão contra as mulheres ganharia em valores absurdos. Apenas como exemplo, alguns países (principalmente na África e Ásia) ainda cometem por valores culturais a mutilação da genital feminina, algo que fere a dignidade humana das meninas que são submetidas a esta prática e afeta diretamente sua saúde (lembrando das condições sanitárias e de saúde pública nesses países está longe de ser a ideal). A ONU até criou um dia internacional para manifestar o repúdio em relação a isso e fomentar a erradicação da prática, que segundo a UNICEF já foi realizada em mais de
200 MILHÕES de mulheres em valores atuais. Isso vai muito além da quantitativo estimado de escravos trazidos para a América.
Mas de qualquer forma, como você disse, não faz sentido nenhum um "ranking de quem sofre mais", quando na verdade o ideal seria que a dívida que existe com esses grupos fosse sanada com garantia de seus direitos e que todos pudessem ser tratados de forma igualitária.