Eumenes escreveu: Um dos piores delírios mentais coletivos que vi nos últimos tempos é esse papo de que Bolsonaro pode vencer no 1º turno. Isso é loucura.
Bolsonaro em intenção de votos mal chega a 30%. Nas utopias mais otimistas (e sabemos, impossíveis), ele teria 40% dos votos válidos. Ou seja, os chamados "votos azuis"; votos de outros candidatos da direita (Alckmin, Meirelles, Amoedo, Dias...) que iriam pra ele. E isso já é pouco provável já que esses candidatos não o apoiam, e assim devem ser seus eleitores.
Pra se vencer no 1º turno é preciso no mínimo 51%.
A probabilidade de acontecer ainda é modesta, mas não é delírio coletivo não. Primeiro q esse dado de "mal chega a 30% dos totais" tá completamente desatualizado. Últimas pesquisas colocaram ele com 35 (Datafolha 4/10), 34,9 (Instituto Paraná 5/10), 34 (RTBD 5/10), 36 (Xp/Ipespe 5/10) e 36,7 (CNT/MDA, hoje). Dentre essas, destaco q a CNT tinha dado o pior resultado pra ele na semana passada (28 a 25 do Haddad) e hoje já o coloca com 42,6% dos válidos.
Saindo das pesquisas por si só, tem outros fatores q deixam em aberto a possibilidade. Primeiro são aqueles votos de última hora/voto útil, quando se tem certeza que seu candidato não vai vencer, e acaba se migrando pra uma outra candidatura com mais chances. Essa pesquisa do CNT por exemplo mostrou um pouco disso, com uma queda de 3% de votos válidos fazendo um saldo entre Alckmin, Amoedo, Meirelles e Álvaro. Ainda é só uma pesquisa, mas poderemos observar se isso se repete hj a noite, quando saem mais umas 3 pesquisas.
Outro fator é a perda de apoio do Alckmin, isso foi muito forte. Nessa última semana, uma série de candidatos de diversos partidos, incluindo muitos casos da chapa do PSDB, declararam apoio ao Bolsonaro. Em São Paulo mesmo, o Dória esconde o Alckmin da campanha e já tá usando uma retórica mais pró-Bolsonaro, teve até video com apoiador dele. O Skaf já declarou apoio oficialmente. E isso na escala de governador, em se tratando de adesão de deputados, fazendo o cabo eleitoral na rua, essa semana tbm teve muitos casos.
Mais um fator é o possível "voto silencioso", ou seja, pessoas que não declaram voto em Bolsonaro pela patrulha de esquerda, mas na hora das urnas acaba votando. Isso é especulativo, mas é uma possibilidade. Isso aqui nem só pra ele, pode rolar com o Haddad tbm, gente q não admite em público q vota no PT pela corrupção, mas na hora da urna acaba votando.
Ainda tem a abstenção, q não é necessariamente uniforme. Aqui tbm é bem especulativo, mas a teoria é q eleitores de Bolsonaro, Haddad e Ciro, q ainda tem chances, tem uma probabilidade menor de se abster do q eleitores dos outros candidatos, em especial os q não tem uma força ideológica, como Meirelles, Álvaro e Alckmin. Com percentuais de abstenção diferentes, os votos válidos teriam uma tendência de aumentar para os 3 candidatos na ponta. Isso ocorreu muito nos estados unidos com o Trump, mas lá o voto é facultativo, então pode ser pouco efetivo aqui no Brasil.
Por último, temos a questão dos 3,4 milhões de títulos suspensos em função do cadastramento. Isso é coisa de 2% dos votos totais. Isso pode fazer uma diferença pq a maior parte desses títulos é no nordeste, onde estatisticamente o Bolsonaro é mais fraco.
Enfim, são diversos fatores q podem ajudar, além é claro da tendência crescente q ele teve nessa última semana. Possível é, mesmo q não seja o cenário mais provável.