Floresta Negra - País da Terra

Em reação à primeira fala de Hazu, Haku logo entendeu que os inimigos, de alguma forma, tinham se reposicionado e, agora, vinham de cima. Sem grandes opções defensivas para ataques daquele tipo, Han rapidamente executou os selos necessários para um Doton: Gōremu no Jutsu [Rank A | Potência Normal]. Fazendo o humanóide gigante de rochas surgir do chão, iniciaria com o intuito de fazê-lo agir como uma espécie cúpula sobre si e seus dois amigos. Com o torso ainda metade a emergir do chão, os braços cruzados à frente constituiriam a parede do domo e a cabeça deitada sobre os braços, a cobertura do ápice desse domo.

Contudo, caso visse que Narie também estava fazendo mais uma de suas defesas, terminaria de emergir o golem do chão, usando o apoio dos seus braços e corpo para dar sustentação interna à proteção e, assim, aprimorá-la. Se a barreira da aliada não fosse suficiente para bloquear os ataques, o golem usaria o próprio corpo para bloquear o restante do dono. Estando funcional após o golpe, tendo a barreira de Narie bloqueado tudo ou não, o golem usaria ambos os braços, ou o que sobrasse de seu corpo, para golpear as duas cópias dos inimigos.

Após o golpe duplo do golem — ou nenhum golpe, a depender do quanto dele sobrasse —, sobrasse uma ou duas cópias do inimigo, um clone previamente preparado rapidamente usaria um Katon: Gamayu Endan [Rank B | Potência Normal] na direção do(s) alvo(s). Cuspindo fogo e disparando óleo pelas mãos — conforme havia treinado para desenvolver o Kyōka Gamayudan, e usando sua Keirakukei Avançada, fosse necessário —, o clone incineraria os céus acima de si e seus aliados para neutralizar a ameaça vinda de cima.

O outro clone ficaria à disposição de Narie. Caso ela alertasse que algum inimigo vinha de uma distância além do longo alcance, o clone pediria orientação para ela e, então, miraria um Katon: Gōryūka no Jutsu [Rank B | Potência Normal] na direção que ela indicasse. Porém, estivesse esse inimigo ao alcance do seu Katon: Gamayu Endan [Rank B | Potência Normal], faria o mesmo que o outro clone: cuspiria fogo e dispararia óleo pelas mãos, incinerando o inimigo que vinha.

O original, por sua vez, ficaria atento aos arredores. Sendo o portador do verdadeiro pergaminho (já que as cópias deviam estar portando um falso), queria estar preparado para evadir de golpes. Com seu Chakura Mōdo [Tier 2] ainda ativo, usaria de toda sua velocidade para evadir e fugir de golpes ou tentativas de aproximação inimigas. Fosse necessário, estaria preparado para usar até mesmo seu Vôo Livre para ter mais opções de direções de fuga — para cima ou suas diagonais ascendentes. Não podia deixar o pergaminho cair nas mãos inimigas sob nenhuma circunstância.

Haku e seus clones afiaram o olhar ao ver que o último dos clones do inimigo haviam desaparecido. Entretanto, apesar do sucesso com o katon de antes, o sujeito ainda parecia ter mais cartas na manga. Seu corpo simplesmente não parecia minimamente humano e, inexplicavelmente, ele pareceu vomitar um novo eu, totalmente curado do dano causado até então.

Haku imediatamente percebeu que nenhum dano que pudesse dar bastaria naquela situação. Quantas vezes ele poderia simplesmente trocar de pele e sair totalmente regenerado daquela forma? A única forma de garantir algo era desferindo um dano fatal e indefensável. Sua melhor chance de abater um inimigo daqueles provavelmente era um golpe direto no crânio. Afinal, até mesmo de envenenamentos e paralisias corporais aquela troca de pele deveria ser capaz de livrá-lo. Para tanto, Haku tinha o recurso perfeito: seu Jinton: Chirideppō era um feixe fino que, em situações normais, não causava tanto dano assim. Entretanto, sem dúvidas era capaz de perfurar qualquer coisa — incluso suas modificações corporais envolvendo metal — e, assim como o tiro de uma arma de fogo, dependendo do local que pegasse — no caso, o crânio — poderia ser absolutamente fatal.

O problema maior nisso tudo era o inimigo não desviar do disparo na cabeça. Algo que indivíduos com a agilidade de shinobis tendiam a fazer com facilidade.

Entretanto, ao que viu o oponente dar as costas, tornando-se mais vulnerável no processo, um flash mental imediatamente fez com que Haku agisse.

Usando suas Keirakukeis Avançadas, então, ambos os clones executaram, na mão esquerda, os selos para um Shunshin no Jutsu [Rank D | Sempre Alto| +10~20 Iniciativa em movimentação] cada e, na mão direita, os selos para um Jinton: Chirideppō [Rank C | Potência Normal] cada. Com o shunshin, a intenção dos clones não era aumentar a velocidade com que os tiros seriam executados ou coisa do tipo, mas garantir que o inimigo em questão não sairia do alcance curto. Preso aos clones no alcance curto, os clones então poderiam mirar seus tiros de jinton na cabeça, aproveitando-se do virar de costas que o inimigo havia dado a eles, o original e Hazu como vantagem. Para reduzir as chances de erros, ambos os clones tentariam atirar na cabeça do inimigo. Assim, se um errasse, o outro ainda poderia ter acertado.

Com isso, esperava que o oponente, que possivelmente havia os subestimado — e vacilado — ao ignorá-los em prol de um oponente mais forte, caísse de uma vez, deixando-o livre para ver em como poderia ajudar os demais.

Como sempre, ficaria atento para proteger o pergaminho, evadindo de investidas e ataques em sua velocidade máxima. Voando com seu Vôo Livre, se absolutamente necessário fosse.

Ainda com a dissipação dos seus clones, Hakuryū não vacilou. Os clones estavam ali para exatamente aquilo: evitar que tivesse de se aproximar ou arriscar o pergaminho verdadeiro. O que não esperava, no entanto, foi o acesso de raiva do inimigo e seu subsequente avanço. Apesar da supresa, Haku imediatamente preparou cada fibra muscular de seu corpo para tentar uma evasiva. No entanto, a habilidade de modificação corporal do inimigo certamente se superou ali. O estiramento dos braços talvez não fosse algo tão surpreendente assim, porém a velocidade com que aquilo fora feito, sim. O Tokujō sequer teve chance de tentar desviar.

Seus olhos se arregalaram diante da frase. Jamais esperava algo do tipo vindo da boca de um inimigo. E, muito menos, esperava haver alguém com um poder capaz de interferir com um conceito tão abstrato como aquele.

Estaria mentindo se dissesse que não tinha ficado nem um pouco curioso para saber o que estava prestes a acontecer, diante do limiar do deslocamento de sua consciência.

Era a primeira vez que estava fisicamente naquele lago vasto, de profundidade totalmente obscura. Entretanto, não era a primeira vez que, de certa forma, se via nele. Não era incomum que, quando perdido em pensamentos, se visse submerso nas negras águas daquele lugar. Quanto mais fundo, mais envolto em uma sequência interminável deles. Frequentemente via-se submergindo e emergindo de suas águas. Todavia, sempre que prestes a emergir o rosto na superfície das águas, era quando retornava à realidade. Por isso, era inédito ver aquele lugar, não apenas de forma tão real, mas também daquele ponto de vista. Nunca estivera caminhando sobre as águas como daquela vez.

Comparado a Narie, Haku sabia ser um pseudo-pseudo-jinchūriki. Não conseguia acessar o manto da bijū propriamente dito. Entretanto, toda vez que seus poderes se elevavam, uma pequena centelha surgia junto, permitindo que ele usasse habilidades como as de um jinchūriki experiente. Era algo incomum e um tanto difícil de definir. Por isso, a forma que logo viu junto dele e do inimigo não foi nada estranha. Era exatamente assim que imaginava a besta.

No entanto, diante daquela situação inesperada, instintivamente Haku teve certeza de que algo sobre o seu verdadeiro Eu estava para ser revelado. E, consequentemente, a forma daquele fragmento estranho da cinco-caudas em seu interior não poderia permanecer amorfo para sempre.

Uma forma logo foi obrigada a emergir.

Não sabia se essa era a real forma da parte de Gobi que estava nele. Entretanto, aquela certamente era uma versão do que poderia ser. Do que já tinha visto da forma jovem e da forma adulta, não tinha nada a ver com ela. Sem dúvidas, era uma forma também jovem. No entanto, sua aparência era alternativa à verdadeira. Quase como se fosse uma versão alternativa da besta de outra realidade.

Independente da forma da criatura, sabia que tinha que dar um jeito de repelir o inimigo dali. Quem sabe o que ele poderia fazer com seu mundo interior tendo um contato tão próximo. Por isso, aproveitando-se da desorientação do inimigo, tratou de pôr em uso todo o poder que exalava com seu Chakura Mōdo [Tier 2]. Não estando sozinho, ainda transformaria aquele embate em um dois contra um: convocando a ajuda da pequena besta alternativa em seu interior, convocaria um Daihokō [Rank B | Potência Normal].

Com seu rugido, esperava não apenas repelir o inimigo para fora e para longe do seu mundo interior, mas também fisicamente empurrá-lo para longe da proximidade do seu corpo e, ainda, causar graves danos a ele no processo.

Tendo o repelido do mundo interior, caso o rugido não tivesse sucesso em finalizá-lo de vez ou repelir seu corpo físico, Haku usaria de sua velocidade para se desvencilhar do contato físico com o inimigo. Então, dando seu ultimato, materializaria um pequeno cubo de Jinton: Genkai Hakuri no Jutsu [Mini] [Rank B | Potência Normal] dentro de algum ponto vital no corpo dele.

Naturalmente, usaria seu Vôo Livre para facilitar o desvencilhamento e subsequente acerto do mini-jinton se fosse necessário.

Considerando que o sujeito esquisito tinha tentado matar os quatro, Haku não se viu nem um pouco comovido com a história que lhe veio em mente. Apenas se sentiu aliviado ao perceber que todos estavam livres das ameaças mais imediatas. Agora, podiam só seguir em frente com sua viagem. Naturalmente, tomando conta dos arredores, já que a floresta ainda era muito perigosa por si só e muitos poderiam ainda estar rondando o time.

— Sabe Rikudou quem era esse sujeito do corpo bizarro… — comentaria logo em seguida a Narie, perguntando-se sobre a hipótese do MST. — É… Makarov-dono, tudo bem por aí? — após ser relembrado do fato pela pergunta da colega, imediatamente a reforçaria, preocupado com o senhor.

Afinal, a criatura do sujeito que tinha derrotado conseguia drenar vitalidade.

— De alguma for aquele sujeito conseguiu compartilhar suas memórias comigo… — iniciaria, contando para os dois colegas de time. — Aquele gigante que Makarov enfrentava era capaz de absorver vitalidade ou algo assim. Hazu-kun, veja se ele precisa de atendimento médico — assentindo positivamente com a cabeça, voltar-se-ia para o amigo.

Ao que Makarov estivesse tratado, ou ele avisasse estar bem o suficiente para prosseguirem, Hakuryuu procuraria retomar a viagem até o Forte junto dos outros 3 integrantes da missão. Esticando a mão com o pergaminho, sinalizaria para Makarov para ver se ele preferia continuar carregando a carga preciosa ele mesmo. Se houvesse negativas, manteria o pergaminho em suas costas, sempre atento aos arredores para ninguém se apossar dele.