phisikys escreveu:
Ninguém nasce homossexual ou heterossexual!
Ninguém escolhe ser homossexual ou heterossexual!
Segundo a psicologia, até por volta dos 8 anos de idade, o ser humano não tem preferência sexual, não possui uma sexualidade pré-estabelecida, tampouco uma orientação sexual já definida. É só a partir dos 8 anos de idade que a mente do ser humano ativa o dispositivo feminino ou ativa o dispositivo masculino. Só a partir desse evento é que se pode falar em orientação sexual. Quando a mente humana ativa um dos dois dispositivos(masculino ou feminino), o outro se torna simultânea e automaticamente inativo por toda a vida. Portanto, segundo a psicologia, a bissexualidade é um mito, um equívoco.
Quem não compreendeu bem o exposto acima, vide postagem minha anterior a esta!
Você colocou bem na seu ultimo post, sobre isso. "Teoria".
A Psicologia não oferece QUALQUER resposta "pronta" a respeito da sexualidade humana - no que tange a sua origem. O que existe na realidade são teorias que complementam outras ou que dão novas propostas de perspectiva, não sendo nenhuma delas, apresentadas como verdade absoluta e irrefutável.
A psicanálise é apenas
uma dos vários braços da
Ciência que chamamos de Psicologia. Nela, se fala de complexo de édipo e electra para "explicar" a sexualidade através do que chamamos em desenvolvimento psicossexual infantil de "fases".
Dois autores escreveram bastante sobre isso: Freud e Piaget. O primeiro focou na sexualidade propriamente dita, e o segundo focou na área cognitiva infantil. Me aterei a Freud, apenas.
O primeiro modelo é bem conhecido, onde existem 5 fases pelos quais a criança passa e
descobre sua sexualidade: Oral, Anal, Fálica, Latência e Genital.
Não vou entrar em detalhes, mas a oral é auto-explicativa; A criança descobre o mundo através da interação do seu aparelho oral, que é sua fonte de prazer (Freud e vários outros autores diziam que o
prazer é um forte motivador comportamental). A idade desta fase corresponde ao primeiro ano da criança. A fase anal é voltada para a descoberta da criança sobre seus esfíncteres, sendo sua mais nova zona erógena, e também de "barganha": Ela descobre que pode controlar em qual momento libera suas fezes, dando-as como presente para à mãe em sinal de satisfação, ou então como uma resposta agressiva à alguma situação desagradável à ela. Claro, que isso tudo acontece "inconscientemente". Dura dois anos, aproximadamente.
O período Fálico é aquele onde o complexo de édipo (no caso dos meninos - se for menina, é chamado de complexo de electra) surge. A criança tem uma imagem muito voltada à si mesma, de profunda representação do próprio ser. Ela volta as atenções à região genital - E para Freud - toda criança imagina que o órgão que possui é um pênis, indiferente de sexo biológico.
Os meninos desenvolvem então uma certa "atração" pela mãe, notando o pai como alguém que dificulta esta aproximação, logo, alguém que é tido como um "rival".
As meninas se defrontam com o fato de não terem um pênis, e que o órgão lhes foi arrancado (complexo de castração), o que faz com que elas se sintam incompletas e que tenham "inveja" do pênis. Estas são as chamadas "teorias infantis" para que o subconsciente consiga explicar para si próprio a diferença anatômica entre "macho e fêmea".
A fase fálica também dura aproximadamente dois anos.
A fase que vem a seguir é a de Latência. Tem um período de mais ou menos 5 anos (dos 6 aos 11 anos), onde a criança desloca sua atenção às interações sociais e deixa sua libido de lado.
A fase Genital por sua vez começa na adolescência, aos 12 anos. Aqui ela volta novamente à libido, mas desta vez busca pessoas de fora do seu circulo familiar.
Isto é o que dizia Freud - 200 anos atrás - ao fundar a Psicanálise. E em muitas situações, ele apontou a homossexualidade como uma expressão da sexualidade humana - tão normal quanto as outras. Sim, bissexualidade estava e sempre esteve inclusa nas ideias de Freud.
Em várias de suas cartas trocadas com Fliess (médico Alemão), Freud coloca em pauta a ideia de "Bissexualidade Inata".
Para ele(s), a bissexualidade é na verdade a orientação com a qual nascemos. As "monossexualidades", tanto Hetero quanto Homo é que são "aprendidas", no decorrer do desenvolvimento humano.
Hoje em dia, a Psicologia enquanto ciência evoluiu tanto a ponto de entender que sexualidade nenhuma é definida APENAS por fatores Biológicos, Psicológicos ou Culturais (de "meio"), mas sim através da interação diversa entre estas três vertentes. Poucas coisas são inatas, e NADA é "apenas comportamento" (como dizia um certo malafáia por ai).
Fatores biológicos estão ligados à genes, fatores psicológicos estão ligados ao desenvolvimento psíquico do indivíduo (que pauta sua formação em cima de fatores biológicos e culturais) e fatores culturais são auto-explicativos, são ideologias, são modismos, comportamentos rearranjáveis e assim por diante.
É sabido que estes três fatores firmam uma cadeia entre si, e se influenciam mutuamente. Desta forma, não somos o que somos estritamente por nossa parte biológica, psíquica ou cultural - não sendo possível portanto, taxar comportamentos através de um fato ou outro.
É simplesmente impossível
ainda "rastrear" os vários porquês deste provavel fenótipo (que é uma interação de genes e o ambiente). Isto, porque o Comportamento Humano é mais ou menos assim:
1. O organismo nasce com uma carga genética que determinará como ele responderá a determinados estímulos.
2. Parte dos genes apenas será “ativada” ao longo da vida deste organismo, alguns podendo até nunca se manifestarem, por precisarem de um contexto – um estímulo, um conjunto de estímulos – específico para que isso ocorra.
3. A partir do momento em que nasce (e até antes disso, com acontecimentos intrauterinos) o organismo passa a modificar o mundo e ser modificado por ele.
Cientistas e Psicólogos evolutivos por exemplo, já conseguiram localizar a existência de um "gene gay", e até fazer o "esquema que mapeia a sua transmissão entre descendentes", como vocês podem verificar mais profundamente aqui.
Neste artigo é dito que a homossexualidade existe (
pasmem) como um
esquema de perpetuação da espécie, muito ao contrário do que pensam certas pessoas que adotam um senso mais empírico de análise.
Desta forma, para não haver uma falha no crescimento da espécie através de superpopulação onde uma mãe tivesse MUITOS filhos e não pudesse cuidar deles de forma efetiva, alguns irmãos ao invés de também gerar outros filhos se prontificariam em cuidar dos seus parentes, aumentando assim a eficácia e sobrevivência de todo o grupo, e não apenas do mais forte.
A Natureza tem seus mecanismos únicos e pra lá de interessantes. Ela não é chamada de "força", atoa...
Houve também um estudo no final de 2014 (o maior até agora sobre o assunto) publicado pela Universidade de Cambridge, que conseguiu mapear mais ou menos onde as interações destes genes se encontram (no cromossoma 8 e x)...
Mas isso não significa que eles vão se ativar. Quando se trata de nossos comportamentos, não somos nem biologicamente determinados nem psicologicamente determinados, mas frutos desta relação incessante.
De qualquer forma, na minha visão é simplesmente inútil querer provar de onde a sexualidade vêm ou é definida. Só posso acreditar que, com base em todo estudo genético e todo o entendimento do ser humano que temos até agora, é completamente
alheio à nossa vontade. Do mesmo jeito que ninguém "escolhe" quando se tornar hétero, ninguém "escolhe" quando se tornar gay.
O que ocorre é
identificar-se como Hétero ou Gay, que é nada mais do que o momento que percebemos conscientemente nossa própria sexualidade.
O argumento de que a homossexualidade não é natural porque não leva à reprodução, não apenas ignora um grande número de comportamentos sexuais que também não levam à reprodução (sexo com métodos contraceptivos, sexo em períodos inférteis, sexo com pessoas inférteis, sexo após a menopausa, sexo anal, masturbação, sexo oral, polução noturna, etc.) como pressupõe que o instinto sexual tem como objetivo a reprodução. Dizer que o instinto sexual tem um objetivo já é certamente incorreto (é um pensamento
teleológico, incoerente com a seleção natural), mas, mesmo se tivesse, este não seria a reprodução, mas apenas sua satisfação – como também apontava Freud tantos anos atrás.
A reprodução não é mais o objetivo da relação sexual dos seres humanos faz MUUUUUUITO tempo. Querer voltar aos tempos das cavernas é apenas um ato de desonestidade intelectual, consigo próprio.
Perguntem aos seus pais. Eles transam porque querem mais filhos, ou o fazem porque buscam prazer e satisfação?
A resposta é até retórica...
De toda forma, ainda que os estudos sejam interessantes e abrangentes, nenhuma certeza foi dada e digo que nunca será. As pessoas vão se concentrar em coisas mais importantes, do que simplesmente que tipo de relação as outras pessoas têm.
Como bem disse Drauzio certa vez: Discutir este assunto em suas origens, é tão inútil quanto discutir de quem a música que escutamos ao longe provém... Do Piano ou do Pianista?
Ps: Não coloquem na mesma frase, JAMAIS, Homossexualidade ou Bissexualidade, junto de patologias ou desvios, depravações ou coisas do tipo.
Digo isso, porque patologias, desvios, depravações, desordens ou disturbios são caracterizados através da
implicância no julgamento, estabilidade, confiabilidade ou capacidades gerais sociais e vocacionais do indivíduo.A Sociedade Americana de Psiquiatria retirou a Homossexualidade do DSM em 73 exatamente porque ela não constitui obstáculo inerente à liderança de uma vida feliz, saudável e produtiva, e que a grande maioria dos gays e lésbicas funcionam bem em toda a gama de instituições sociais e de relações interpessoais.