Saiu no G1 (GLOBO):
Comandante do Exército anuncia o fracasso da IntervenssãoO comandante do Exército Brasileiro, general Eduardo Villas Bôas, declarou nesta terça-feira (20) que está “muito preocupado” com os resultados da intervenção federal no Rio de Janeiro. Segundo ele, as soluções para a violência generalizada no estado serão “de muito longo prazo”.
“Eu estou otimista e preocupado. Confesso que muito preocupado pela incerteza de que nós vamos, realmente, atingir todos os resultados”, disse Villas Bôas.
A declaração do general foi dada a jornalistas após seu discurso em uma conferência do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES). No evento, a maior autoridade do Exército brasileiro enfatizou as características históricas que levaram o governo federal a decretar intervenção na segurança pública do Rio.
“Esse estado de coisas a que nós chegamos é resultado de décadas e décadas de omissões e de necessidades básicas da população não atendidas, que acabam se represando e transbordando sob formas de violência”, apontou o general.
Ao reafirmar que as causas da violência “são extremamente profundas”, Villas Bôas disse que o Exército pede “a compreensão” da sociedade porque “os companheiros que lá estão às voltas com esse tema [da intervenção], quanto mais se debruçam, mais verificam a sua complexidade”.
O general disse ainda que, diante do quadro complexo que vive a segurança pública do Rio, os militares envolvidos diretamente na intervenção “têm procurado manter uma postura de não gerar expectativas, não tomar atitude espetaculosa e de não inaugurar promessa”.
“Os resultados virão com o tempo, e as soluções serão realmente de muito longo prazo”, afirmou o general.
Aos jornalistas, Villas Bôas disse que a maior determinação do Exército durante a intervenção no Rio é “deixar como legado uma mudança nas estruturas”, a fim de que elas tenham condições de se manter funcionando de forma eficaz após a saída do Exército. Ele apontou, ainda, que o sistema penitenciário é alvo da maior preocupação dos interventores.
“Algo que nos preocupa e que é chave: a nossa lei de execução penal tem que se adequar à maneira efetiva como nós temos que atuar para conseguirmos atingir essas estruturas do crime organizado. Isso não vai ser solucionado nos dez meses restantes”, disse.
Questionado sobre o anúncio da saída das tropas da Vila Kennedy, apontada como comunidade que serviria de “modelo” para a intervenção, o general Villas Bôas disse o Exército precisa focar em aumentar a sensação de segurança da população.
“Nós temos que considerar que o Rio tem mais de 800 comunidades. Então, nessa fase inicial, vamos tentar uma atuação mais extensiva, com o objetivo de melhorar uma coisa que é chave, que é a percepção de segurança”, justificou.