Templo do Fogo - País do Fogo

Ao perceber a aproximação insistente do ANBU, Haku se viu obrigado prestar atenção no que ele tinha que dizer. Aparentemente, a criatura nova que acompanhava Brakios era um tipo de experimento. No entanto, dadas as circunstâncias, isso era o de menos àquela altura.

Por mais que Chiriku tivesse interrompido o questionamento do homem, ele ainda parecia bastante insistente com suas perguntas. Haku chegou a cogitar se ele não estava suspeitando de algo. E a pergunta sobre o ocorrido na fronteira talvez dissesse isso. Porém, parecia haver um motivo bem lógico em saber quem eram: monitorar o espécime denominado de número 37. Ele queria saber o nome do sensei e número do time para poder rastreá-los em seguida. Ou seja, bastava que ele soubesse onde encontrá-los no futuro que tudo devia ficar bem.

Não podiam simplesmente inventar o nome de algum sensei, pois arriscavam dar um nome que não existe e estragar o disfarce. Ou pior, poderiam dar um nome que existe, mas pertence a outro time. Quanto ao número, não estressou tanto, nem ele sabia o número real do time dele. Contudo, eventualmente veio à cabeça de Haku que, basicamente, qualquer um podia largar tudo na vida para se isolar em um monastério como aquele. Havia monges versados em ninjutsu, já havia encontrado mais do que um. Como Chiriku havia dito, adquirir habilidades mais avançadas talvez fosse mais difícil para eles naquele ambiente. Entretanto, para aprender o básico, crianças passavam pela academia ninja. Sendo assim, a mentira mais conveniente seria dizer que nunca chegaram a ter um time. Sim, poderiam se passar por genins que, ao se formarem, decidiram se tornar monge. Afinal, todo monge ninja tem que ter iniciado a vida monástica em algum momento da vida, não?

— Não chegamos a ser designados a um sensei ou time, na verdade —esforçando-se para manter a calma, voltar-se-ia para o homem e daria a informação que ele devia querer. — Depois da formatura, decidimos vir para cá, a convite de Chiriku-sama, para iniciar o treinamento de monge. Mal começamos, mas todo monge ninja tem que começar de alguma forma, né… Sobre os relatos, lamento não poder ajudar. Não sei nada sobre essa confusão — após uma respeitosa reverência de despedida, tentando manter a calma para não deixar nada escapar, começaria a lentamente andar na direção indicada por Chiriku — Vamos, pessoal — dando o sinal para que o time o seguisse, esperava dar a brecha necessária para que Chiriku pudesse tirar o homem dali.

O ideal era não dar tempo de ele perguntar mais nada. Por isso, buscaria apenas seguir em direção ao local de treinos.

Talvez o ANBU estivesse impressionado com a cara de pau. Talvez estivesse impressionado com a história em si. De qualquer forma, se a desculpa tinha colado ou não, Haku não se importava muito. Não teria muito o que ele fazer por enquanto com o apoio de Chiriku. E, de qualquer forma, sem um nome real de sensei e registros ninja falsos, não teriam como enganar o militar decentemente. O máximo que talvez pudessem fazer seria ficar no templo, treinando, por mais algum tempo antes do sensei voltar. Assim, talvez a história de que estavam lá para virarem monges colasse.

— Eu também já sei o que vou fazer — olhando para o local, procuraria um ponto livre o suficiente de obstáculos e pessoas para que pudesse treinar seu jutsu. — Só não sumam, ok? — avisaria, conforme começava a caminhada até o ponto ideal.

No campo de treinamento, Haku buscou limpar a mente. Treinar sozinho não era fácil, mas ele já tinha uma ideia do que treinar. Soltar o Gamayudan pelas mãos, enquanto podia manter a boca livre para cuspir fogo, já era uma ideia de longa data. Até então, nunca tivera uma segunda oportunidade de treinamento. Por mais que o jutsu fosse útil, a pistola de jinton ainda era uma prioridade muito mais versátil. O alcance era mais baixo que o óleo com katon, mas dano era muito mais garantido. Não havia defesa que pudesse parar o disparo se o alvo estivesse no alcance, afinal. Algo que não era verdade para o Gamayudan inflamado, por mais poderoso que pudesse ser.

Concentrado em um local a certa distância dos colegas, tentaria se lembrar dos processos de expulsão de óleo pelos jutsus do gênero. Óleos, de sapo ou não, eram gorduras. E, substâncias dessa natureza eram comumente expelidas pelas estruturas de glândulas dos seres vivos. O jutsu deveria ser, a princípio, mais utilizado pela boca porque lá havia muitas glândulas responsáveis pela secreção dos mais variados tipos de substância. Entretanto, a boca não era o único local. A pele possuia essas estruturas por toda a extensão e, com isso, a mão também estava inclusa. As glândulas da pele eram capazes de não apenas produzir suor, como também o óleo natural que protegia a pele. Sendo assim, por mais que não fosse o senso comum, as mãos também deviam ser plenamente capazes de emitir o óleo.

Concentrando-se na sensação de sua mão suando e ficando oleosa com o passar do tempo, Haku fecharia os olhos e tentaria executar o jutsu desejado. Apontando as mãos para uma direção onde não houvesse ninguém, concentraria o chakra naquela keirakukei e, após os selos, tentaria disparar o óleo em jato.

Foi cansativo, mas Haku finalmente conseguiu replicar a sensação de produzir óleo pela boca nas mãos. Entretanto, por mais que fosse o caso, apenas secretar a substância e produzir óleo num volume e pressão suficientes para dispará-lo adiante eram coisas completamente diferentes. Havia dominado o básico, mas não o suficiente para que a habilidade fosse aplicável em combate.

Ainda tinha mais alguma energia para investir naquilo, por isso, tomou algum tempo para pensar.

Jutsus não elementais tendiam a ter um quê de complexidade, já que faziam uso, ainda que limitado, de Onmyouton. Domínio de Inton, Youton e de sua mescla ao nível perfeito — sem a dependência fajuta em kekkeis genkais — era algo reservado a indivíduos de grande sabedoria e poder. Entretanto, todo mundo tinha que sair com, pelo menos, uma noção instintiva do Onmyouton da academia para ser capaz de realizar os jutsus básicos. Sendo assim, era de se imaginar que a prática daqueles jutsus era muito mais imaginativa do que as técnicas que se baseavam na fusão de dois ou mais elementos. Estes possuíam características e conceitos muito mais definidos do que yin e yang, afinal. Sendo assim, deveria bastar uma visualização potente, ao nível de replicar a sensação da expulsão violenta do óleo a partir da boca, para desencadear a produção do óleo com ninjutsu básico.

Mais fácil falar do que fazer, mas tinha que iniciar de algum ponto.

Tentou visualizar formas de fazer com que o óleo produzido fosse projetável e, por isso, começou a acumular o chakra nas mãos. Momentaneamente freando a conversão do chakra em óleo ao que chegasse nas mãos, Haku começaria a acumular e concentrar bastante chakra pré-óleo em uma das mãos. Ao que a pressão chegasse a um ápice, liberaria o chakra oleoso em jato, aproveitando do processo já parcialmente feito para convertê-lo completamente em óleo antes que deixasse a área rente às suas mãos. Aplicando os conceitos previamente aprendidos, as glândulas da pele da mão serviriam como um meio para a expulsão do óleo recém-convertido.

Fosse necessário repetir o processo ou não, lembrar-se-ia de reproduzir a sensação que era cuspir óleo pela boca, mas pelas mãos.

Ao fim do treino, o time seria interrompido por uma ave já conhecida por Haku. Era a invocação de Han-sensei, carregando uma mensagem bastante promissora. Imaginando que Narie deveria ficar curiosa, aproximar-se-ia dela, mostrando o conteúdo do bilhete de forma discreta. Era melhor que ela lesse o papel do que ele falar em voz alta e arriscarem serem ouvidos, afinal. Faria o mesmo com Brakios, se ele estivesse com os pés na terra durante a situação.

Ao que pelo menos Narie estivesse a par da situação, produziria uma minuscula quantidade de katon. Só o suficiente para acender uma das pontas do bilhete e, assim, ele queimar.

Após a leitura, continuaria como se nada tivesse acontecido. Continuaria treinando a técnica até quando conseguisse e, até que o prazo estipulado pelo sensei se cumprisse, continuaria fazendo o mesmo para aperfeiçoar a técnica em questão.

No dia do prazo, conforme o combinado, seguiria junto de Narie — sempre disfarçados com o Henge, claro — até a porta do templo no horário combinado. O pretexto seria sentar nas escadarias do local para observar os céus e as estrelas, se possível naquela noite. Durante o ato, jogaria conversa fora com o colega.

Esperaria paciente e cautelosamente a chegada do sensei disfarçado. Antes que ele pudesse fazer algo que fosse chamativo demais, aproximar-se-ia dele para relatar a situação com o ANBU. Não tinha sensor para dizer se estavam sendo observados, mas o sensei talvez pudesse determinar se estavam sendo observados ou não.

Templo do Fogo - Cedo da Manhã

Jirobo!

Eu sei!

Tarenken

Turno de uma ação só, então não contei gastos de transformação.