Provavelmente aqueles que estão expressando uma opinião "reacionária" sobre o que eu disse, não leram as coisas que escrevi no outro tópico, onde o foco era o aborto em si e seus desdobramentos.
A vocês, peço calma para conseguir trazer o conteúdo do tópico referido num outro momento, porque agora não tenho tempo hábil pra isso.
Aproveitando o ensejo,
@Shamanking deu exatamente a chave para a resposta deste "tabu" que as pessoas transformaram o Aborto:
isso porque eu considero o feto formado como uma vítima.
Este é o ponto principal. Eu penso exatamente da mesma forma que você.
Porém, minha formação e área de atuação profissional não permite que eu me furte aos aspectos não apenas morais, mas aos científicos e sociais também.
É preciso ter bastante claro o que diferencia um embrião de um feto, e em qual momento da gestação um se transforma no outro.
As pessoas costumam ter uma reação negativa quando você retira a romantização sobre um fato considerado Tabu, como sexo, casamento, gravidez, relacionamento - dentre outras - mas isso é necessário para que consigamos analisar
racionalmente cada situação.
Um embrião não é um ser humano. Ele é uma estrutura em desenvolvimento, e está tão vivo quanto órgãos e outras partes do nosso corpo: mas não possui consciência, tampouco individualidade.
A consciência parece ser o tópico frasal desse contexto: uma pessoa cujo cérebro não existe ou não está funcionando
não está viva, pois não possui consciência. Um embrião entra exatamente na mesma categoria.
Um embrião fora do útero materno não possui capacidade de fazer
nada: não é uma simples questão de dependência, mas sim de
parasitismo. O embrião absorve o que pode da mãe e bota sua própria saúde em risco para crescer.
Veja que eu não estou vilanizando a gravidez. Não estou atribuindo nenhum valor moral sobre este tema. Só estou sendo objetivo na análise: Um feto é totalmente diferente de um embrião, porque este primeiro já possui as estruturas bem desenvolvidas e prontas para o
amadurecimento, passando de parasitismo à uma dependência da mãe, onde ele desenvolve sua senciência, consciência, e finalmente sua individualidade.
Eu pessoalmente não defendo a
liberação do aborto, como já cansei de falar em outras ocasiões.
Nós precisamos primeiro compreender a diferença entre liberar e descriminalizar.
Liberar neste contexto é permitir sem nenhuma condicionante, aferir liberdade total sem que ela esteja atrelada à uma atitude e conduta responsável. Não é esta, definitivamente, a questão.
Descriminalizar, por outro lado, é
combater o estigma social que envolve essa questao, utilizando mecanismos
comprovadamente eficazes para resolver um problema no curto prazo relacionado à morte de mulheres através da atividade clandestina, e outros dois a longo prazo: educação sexual e a hipocrisia elitista em falar que aborto é algo absurdo mas pratica-lo mesmo assim por debaixo dos panos.
E entrando na área da educação: não é só saber que transar traz a possibilidade de engravidar. Isso todos sabem, é senso comum.
A questão que
não é abordada e não faz parte do domínio de todos é que os métodos anticoncepcionais
não são 100% seguros. Nenhum deles é, nem a camisinha.
Precisamos encerrar essa simplificação de que só engravida quem quer, jogando toda a responsabilidade no colo da mae, sendo que muitas mães acabam cedendo ao sexo desprotegido por causa dos homens e suas manias imaturas e tóxicas de se relacionar.
O problema é estrutural, e passa por cultura, questões de gênero, machismo e desinformação.
Não adianta jogar tudo isso nas costas de um debate ideológico, querendo se apegar a "quem é propriedade de quem", porque até o Kogos que o pessoal fica comentando já disse para fins de ilustração que o ser humano não é propriedade nem sua nem de outro, porque ele é.
Um embrião não é, e essa é a diferença primordial. Ele tem potencial para ser? Sim! Atendendo a alguns requisitos, todos nós temos essa potencialidade inerente.
Mas antes de falar que "os nossos direitos terminam onde começa o dos outros, é necessário lembrar que precisamos ter DOIS seres nesta equação. Um embrião
não é um ser, não podendo ser considerado como tal até tornar-se feto.
Enfim, depois eu busco o tópico e trago para cá. O que não vai ter relação direta com o propósito DESTE tópico, mas tudo bem.