[Golden Valley] Golden Plague

A saudação de Crombel interrompeu o silêncio fazendo o trio tremer de susto, olhando logo a frente com os olhos arregalados, um homem se vestindo bem, uma mink gata e um outro com vestes também muito melhores que as deles. Contudo, quando o trio se virou para o grupo recém chegado, foi quando conseguiram olhar melhor para os semblantes deles, o rosto do primeiro na parte esquerda estava tomada por uma placa dourada, enquanto o segundo também apresentava o mesmo aspecto, só que na texta e o terceiro parecia normal. - Você quer um desse também, é tio? Que tal deixar tudo de valor para que possamos dar nossa última tragada?

Mas a cena de Lankar não se repetiria. Crombel notou uma áurea se aproximando em direção dele, e portanto por trás do grupo e antes que pudesse abrir a boca para falar algo, se essa fosse a intenção, veria uma espada atravessar o peito do primeiro com facilidade, sendo retraida logo a seguir para decapitar a cabeça do segundo, em um corte diagonal. O terceiro caiu no chão de susto e medo ao mesmo tempo que o corpo dos outros dois. - E-eu n-não es-estou in-infect - não houve clemência, a espada atravessou a garganta como se fosse uma lança jogada de longe.

- Sinto muito, mas não posso correr riscos. - e retirou um pano negro do bolso e limpou a lamina da espada, jogou o pano fora, e com a arma ainda em punho, observou atentamente os outros três. - Fui informado que cerca de uma hora atrás dois submarinos foram vistos cruzando o canal… É bem óbvio que foram vocês, visitantes. Bem vindos a Golden Valley, a ilha quebrada pela praga. - seu tom de voz era calmo e pouco agressivo, apesar de manter a katana em punho. - Podem me chamar de Executor.

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A recepcionista o recebeu com um sorriso educado ainda mais após ter avisado que era um médico voluntário, agarrou um dos den den mushis e fez uma ligação rápida e minutos depois estaria se levantando e indicando a Jhon uma porta lateral, pela esquerda. A sala atrás da passagem era ampla, também muito bem cuidada, conservada e limpa, lá encontrou uma espécie de laboratório, com bancadas que beriavam todas as parederes além de uma mesa central e acima desses móveis instrumentos químicos, reagentes, produtos, indicadores, microscópios, dos mais variados tipos e tamanhos, incluindo um tanque parecido com um aquário, mas ao invés de água estavam lá plantas das mais exóticas. Apesar do tamanho e diversidade de equipamentos, apenas sete pessoas trabalhavam lá. Quando Jhon entrasse, seria recebido por um dos sete, o médico responsável apesar de aparentar ser bem novo.


- Você é um visitante que deseja ajudar não é mesmo? Quero dizer, doutor. - forçou um sorriso, já estava claro que carisma não era seu forte. -  Eu… - parou um pouco analisando Jhon - preciso dar uma saída, o pessoal aqui te manterá informado - o modo de agir do garoto andava em cima da linha tênue que separava a educação da antipatia.

Tentando contornar a situação, um dos médicos chegou a Jhon com um sorrisinho sem graça - Então, estamos tentando desenvolver uma vacina, mas é difícil quando se conhece tão pouco… Nosso plano inicial era fabricar remédios, principalmente quando aconteceu o surto inicial, mas até agora nenhuma erva foi capaz de combater os sintomas diretamente… O sangue dos infectados não dá muita informação, sequer sabemos se isso é provocado por uma agente vetor, ou se as causas fogem do escopo da ciência, é por isso que precisamos de planos de atuação para definir os próximos passos e é nisso que estamos trabalhando agora… Sugestões?

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O barman olhou o gato, animado, e sem sequer hesitar pegou uma garrafa preta atrás de sí, pois era muito provável que ele sequer havia ouvido falar na possibilidade de se colocar mel em uma bebida. Pegou um copo embaixo do balcão e encheu-o com o líquido marrom até o topo, James aproveitou e pediu do mesmo, acenando com a cabeça e saindo dali para dar uma andada no ambiente.

- O que? Negócios? - O mink, até então convenientemente distraído levantou a cabeça e olhou em direção a Seth pela primeira vez, mostrando seu rosto característico: pelos negros, um olhar azulado e aguçado, bem como o focinho bem cumprido, característica marcante de um lobo. - Ta porra, o que tu botou na minha bebida carai? - se voltou novamente ao barman - Você não tem pelo nenhum brother, carai - disse voltando a virar a cabeça. As falas exacerbadas e altas davam sobrevida ao ambiente melancólico instaurado.

- Po, esqueça isso. Você gosta de uns acordinhos por baixo dos panos então? Lugar errado meu chapa. Quer dizer, agora tá certo, e você conversa com uma pessoa maneira, mas na época errada. Estamos vivendo uma epidemia e nada de muito útil pode ser feito até que ela passe. Contudo, uma mão leva a outra, mas não te conheço e muito menos confio em você. Vai que é um cp infiltrado, tá loco. Alias, meu nome é Georgius, trabalho na Mines & Mines.

Ali, diante do executor, Crombel respondia segundo o seu plano e seu interlocutor esboçava uma risada, mesmo que curta e contida. - Então deixa ver se eu entendi, um senhor médico e experiente chega em uma ilha dominada por uma epidemia e a primeira ação que executa é se meter em becos escuros atrás da erva? - repentinamente o Executor balançava sua katana e a embainhava novamente.

- Vai julgar o vício dos outros? - rebateu Hashibi, meio sem paciência - Tem gente que não faz nada sem fumar unzinho, sequer começa o dia bem...

- Está certo... - retrucou com tranquilidade e de imediato - Não se preocupem, vocês podem mandar a real. Estou curioso com o motivo que levaria duas embarcações a atracarem no porto de Golden Valley nessas circunstancias e quanto isso pode me ser útil. A verdade é que, com a máquina que é a escavação e exploração do ouro parada, não consigo contrabandear nada. Para um homem de negócios, zero de lucro é um cenário terrível.

Dessa vez Hashibi ficou quieta, pois, como observadora, já estava metendo o nariz demais nas coisas que não era do seu interesse direto.

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Tão cedo Jhon começava a falar, um deles escrevia em um papel as informações do pirata enquanto aquele que havia falado com ele continuava dando atenção - Infelizmente água salgada não surtiu nenhum efeito sobre eles, o que não anula de nenhuma forma essa hipótese, que com certeza é uma das que levantamos. De certa forma, se for consequência dos poderes de um usuário eu me sentirei aliviado, nossa organização poderá obrigar o sujeito a reverter o estrago e não haveria a necessidade do desenvolvimento de vacinas e remédios...

Da porta, ainda aberta, Joffrey voltava com um livro grande, colocava-o em cima da bancada do centro e puxava uma cadeira para sentar ali - Infelizmente o mundo não é tão conveniente. Você acha que o responsável por isso tudo iria reverter tudo tão facilmente?

O outro doutor engoliu em seco e resolveu continuar o debate, mas com Jhon - Sobre os pés, formulamos uma teoria... Pessoas possuem resistências variadas, então nossa conclusão é baseada no tempo que o paciente resistiu à infecção, significa que alguns não resistem tempo suficiente para a camada dourada na epiderme se espalhar por completo no corpo. Notamos que quando o infectado morre, as placas param de se espalhar.

- No final isso não ajuda nada o caso. - retrucou o garoto novamente, foleava as páginas do livro com pouca pressa.

- Mas há algo que pode ajudar bastante. O paciente zero. Mas infelizmente ela sumiu, a nossa esperança é encontra-la, examiná-la, colher seu sangue. Se descobrirmos como começou, podemos partir dai.

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De muito bom grado Georgius aceitava a bebida enquanto ouvia todo o discurso de Seth, sem expressar muitas coisas além da satisfação de estar bebendo de graça - Organização, é? Está todo mundo muito bem organizado nesses dias, virou moda por ai. Sua organização é uma ONG? Espero que sim, aceitamos qualquer tipo de ajuda. Requisitamos mais profissionais, mas pela distância devem demorar bastante a chegar. O fluxo precisa continuar, assim alternativas precisam ser traçadas.

A bebida acabava e o mink pedia outra, mas apesar disso não apresentava um estado de embriaguez que se elevava, provavelmente já estava acostumado ou tinha muita resistência natural. - Faz um mês e meio, se bem me lembro foi no começo de agosto que começou... E imagina o quanto já nos prejudicou! - e de repente ficava meio revoltado, fazendo que não com a cabeça, mas logo após abaixava o tom de voz - Nossa filosofia é do trabalho, apenas o esforço e suor que trazem dignidade para o homem... De todo modo, sim, a empresa onde trabalho administra a ilha toda, comandamos com rédia curta e sempre executamos um trabalho excelente. Mas sem os mineradores podendo transitar pela área alpha, e as outras com movimento menor, os negócios acabam indo de mal a pior. - e mais relaxado e acostumado com a presença de Seth, continuou - Venho ajudando como posso, investigando a floresta sozinho, afinal sou o único imune, mas sem resultados... Você mencionou que há outro mink no seu grupo?

Logo após isso James se aproximava da dupla com a caneca vazia e se debruçava pra falar com os dois, em um tom baixo - Minks não são visto com bons olhos aqui, tudo que ouço são injúrias e caras feias pra esse lado. Não importa se é morador ou turista...

- É compreensível até. - Georgius respondeu, dando uma golada em sua caneca - Imagina uma raça que difere muito de você e que é imune a algo tão ruim. A inveja está contida em todos eles desde o inicio dos casos. Enquanto a gente - e olhou pra Seth - podemos ir e vir sem nos preocuparmos com nada, o medo é uma constante na vida deles.

- Máquina? Não há máquina, é apenas força de expressão. O trabalho é braçal e quase escravo. De todo modo, eu tenho uma pequena operação aqui, desvio uma certa quantidade de ouro da área alpha por semana, com os contatos certos foi possível, mas isso não acontece mais pois a extração de ouro está completamente paralisada, a área alpha é território proibido, infecção biológica... Epidemia... Saca? É por isso que estou procurando modos de resolver isso, mas mesmo de máscara é impossível se aproximar de lá.

- Sobre a epidemia... A boca dos espertos diz que alguém a causou, de propósito. Não há a mínima chance de um membro da Mine & Mines ter feito isso e ferrado a própria operação, portanto meu palpite é alguém de fora. Um turista disfarçado, quem sabe o próprio governo? Depois que eles ro... - parou subitamente - Bom, o importante é que eu tenho um meio estabelecido e procuro parceiros. Vocês parecem bons o suficiente, então minha proposta é dividir os lucros após a epidemia se esvair. E notem, esse acordo só é possível pra gente de fora daqui, os nativos não são muito confiáveis. Doutrinação rola pesado aqui. Vocês resolvem isso, eu incluo vocês. E ah, uma dica: um bom relacionamento com a Mines & Mines é fundamental.

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- Nós pensamos sobre isso - respondeu o doutor acerca do sangue dos minks - Mas a hipótese caiu por terra ainda na fase do estudo teórico. Uma vacina feita por esse método dificilmente teria algum efeito nos humanos, apesar de ter possibilidades de funcionar em outras raças bestiais... Golden Valley é uma ilha majoritariamente de humanos, então a eficácia ia ser quase nula.

E diante do comentário de Jhon sobre o paciente zero, o jovem chefe dos médicos lançou um olhar mortal que durou apenas um segundo, não sendo notado por ninguém - Foi a um mês e meio, no começo de agosto. - respondeu o primeiro, ainda muito polido e tranquilo - Na área alpha, onde ficam as florestas de extração de ouro, ela era uma das supervisoras, seu nome é Aria. Como pode imaginar, esse é o exato local onde foi vista por último, não temos maiores informações... Apenas relatos de trabalhadores que viram ela meio estranha, como se ela não estivesse passando bem. Dai veio a hipótese do paciente zero.

- Porém não há como se aproximar de lá - completou Joffrey sem tirar os olhos do livro - Há um gás dourado que aposto ser um dos agentes infectantes... Só o Georgius consegue se aproximar. - e dito isso um sino elegante tocou por dois segundos, vindo de um dos relógios da sala - Nosso turno acabou, vou fechar aqui. Infelizmente, não há nada que possamos fazer no momento. Recomendo procurar um hotel ou algo assim.

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Não seria necessário detalhar muito a reação de todos do bar diante do tom ameaçador do mink, que veio repentinamente. Os olhares eram de surpresa e alguns de medo, pois mesmo sem possuir o haki dos governantes, Seth irradiava uma áurea amedrontadora que em parte vinha da aparência, a outra era de como se portava, projetava a voz, atitudes. Não houve mais olhares revoltosos, alguns até foram embora se tremendo, pois Seth poderia esmagá-los feito baratas se desejasse.

O silêncio a todos triturava até, repentinamente, o lobo interferir -KYA KYA KYA KYA KYA! - JÁ PODEM SE VOLTAR PARA AS SUAS BEBIDAS, A NÃO SER QUE QUEIRAM SER PENDURADOS NO VARAL POR ESMAGAMENTO! KYA KYA KYA KYA!

E depois que se virou de novo pro lado do barman e portanto de costas para o resto, continuou em um tom normal - Eu não tenho a mínima ideia de que negócios você pretende fazer e gostaria muito de não saber, a ignorância é uma benção pra mim nesse caso. Mas o que posso te falar é que terá outra excursão em breve e bem... Eu não mando ou desmando aqui, mas minha palavra tem certo peso, e é bem provável que minha galera peça sua ajuda se eu dizer que há mais minks na ilha. Agradeço a ajuda - se levantou - Aliás... - e se curvou pra perto de Seth, pra que não pudesse ser ouvido pelo barman e James - Quando a gente te chamar, apresente seu cpf e não o cnpj... vai aliviar a barra pra mim. - deu dois toques de leve no ombro direito do gato - Essa última rodada fica pra outro dia - e saiu do bar.

Após conversarem um pouco, Edward tirou de suas vestes uma carta roxa e explicou a situação para o Executor que inicialmente hesitou um pouco, mas acabou pegando a carta e guardando no bolso. - Esse é um acordo e não uma decisão definitiva, se sua organização falhar, eu jogarei essa carta fora. Se obtiverem sucesso, então teremos negócios duradouros. De todo modo, tenho mais objetivos para cumprir, quem sabe eu não consiga ajudar em alguma coisa por debaixo do pano? - e com a negociação consumada, virou as costas e se foi, caminhando a passos largos.

Hashibi, por sua vez, olhou para uma outra carta, essa era vermelha e sem dizer nada aceitou. Ainda introspectiva, seguiu ao doutor e seu comparsa, andaram pelos becos por meio minuto até encontrarem uma saída para uma avenida, bem de frente a um hotel minimamente decente. O objetivo era a Mines & Mines.

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Quando o pirata saiu da sala de pesquisas, ficou claro que não era apenas o expediente dos médicos que havia acabado. Várias pessoas saiam de diferentes portas presentes no hall de entrada, todas seguindo o fluxo de saída. Os guardas estavam perto da porta, esperando o contigente passar para fechar as portas, provavelmente o prédio era trancado a noite. Ele saiu junto com o resto e logo se separariam, a maioria tomaria ruas adjacentes à principal ou acessos menores, a avenida que havia usado para chegar era bem mais comercial.

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O suborno de Seth foi aceito de bom grado, o homem logo arrastou as moedas de ouro para seu lado com um aceno. Logo, James seguia Seth pra fora do bar e tomando a direita, seguiram rumo a rua acima, passando pelo prédio da Mines&Mines de batido, afinal aquilo estava longe de se aparentar como um bar. Andaram um pouco por ai, James seguia de perto ajudando a localizar um bar, mas não obtiveram sucesso naquele momento. Era muito improvável que a capital só abrigasse um boteco, então ou eles não sabiam onde ficavam ou todos os outros estavam fechados.

Foram para cima e para baixo, até voltar pra rua da Mines&Mines, o prédio agora estava fechado, incluindo as portas e o portão de acesso, apesar das luzes interiores acessas. Tomaram novamente a avenida e quatro figuras ao longe se destacavam: Crombel, Jhon, Hashibi e mais o random.

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Quando Crombel ganhou acesso a rua larga, se viu de frente a um hotel, mas logo depois notou que Jhon se aproximava. - Inacreditável. Você não fugiu ou escolheu um hotel para dormir. Evolução! - ironizou Hashibi - Encontramos um estranhão mascarado, o cara tava matando os infectados...

Jhon não teria tempo de responder antes de notar a aproximação de uma nova dupla, agora Seth e seu escravinho é quem chegava. - Muito bem, estamos completos. Vamos para a Mines&Mines agora? - perguntou a gata olhando para o grupo, mas parou o foco em Seth - Ei, você bebeu?

- Isso não vai ser possível agora - comentou James - A sede da Mines fechou, tem algum tempo. Quem quiser ir lá vai ter que esperar até amanhã, ou então forçar entrada e tal...

- Eu voto pelo descanso. Olha, um hotel maneiro - a gata apontava para o prédio a frente deles. No momento, a rua estava deserta. Se decidissem entrar, veriam um hall bem arrumado que apesar de não possuir os luxos de uma cidade normal, dava uma sensação de tranquilidade e limpeza. Além disso, o haki de todos notariam apenas a áurea do balconista e um ou outro funcionário. Os quartos ficavam no segundo andar, e lá também havia uma sala de estar com sofás, um espaço em comum onde poderiam ou não trocar informações.

A decisão era deles.