Rafiukis escreveu:Apollo escreveu:Não tem nada de complicado nisso. A partir do momento que você sabe que a fecundação aconteceu e que o zigoto vai se transformar em um ser humano como você, é um pecado só de pensar em matá-lo.
Esse argumento de Quebrando o CU do qual é extremamente simplista e beira o sociopatismo de que "o bebê vai sofrer, então vamos matá-lo" é falacioso e errôneo, visto que todos nós temos direitos e oportunidades na vida. Caso estas oportunidades não sejam oferecidas, é culpa do Estado, então vote direito, ou mate o Estado, não o feto.
Eu acho algo totalmente sádico tentar arranjar artimanhas pra falaciar se o feto está vivo ou não para justificar o aborto, um verdadeiro diagnostico de uma sociedade doente.
Primeiramente que pecado é um termo que tem relevância pra quem é cristão, isso não diz respeito a sociedade em geral. Você não pode influenciar uma legislação que se aplica para todas pessoas, inclusive aquelas de credos diferentes do seu, com base na sua crença particular.
Segundo, eu não neguei que o feto nos primeiros estágios de desenvolvimento não é um humano. Mas assim como existe sim, como citou o Garcia, muita polêmica dentro da própria sociedade médica até para saber quando desligar os aparelhos de um paciente em estado terminal, também existe polêmica em torno desse caso. Existe sim uma questão filosófica na vida que tem relação direta com nossos sentidos. Se você for um ser humano que perdeu todos os seus 5 sentidos, visão, tato, audição, paladar e olfato, você consegue sequer viver? Você não tem nenhuma forma de apreender o mundo: você não sabe o que acontece ao seu redor, você não sente nada. Da mesma forma, se você não tem sistema nervoso, você não tem onde armazenar memórias, sensações, não pode sequer pensar, sofrer, sentir qualquer coisa. É a partir daí que vem o conceito de morte cerebral. O corpo inteiro da pessoa funciona, ela respira, faz tudo. Mas porque o sistema nervoso dela não funciona, de nada adianta o corpo inteiro funcionar.
Então partindo desse preceito, como um amontoado de células que não tem capacidade nenhuma de pensar, sentir ou apreender o mundo já é considerada vida? Sim, ele é humano, mas ainda irá se tornar uma vida. E sim, ele tem todo potencial, mas a questão que abordei é: a mãe da criança já é uma vida completa, com história e memórias. Vale a pena investir em uma potencial vida e destruir outra, por todos motivos que citei acima? Se a sua filha de 13 anos tivesse engravidado de um estupro, valeria a pena destruir a vida dela fazendo ela ter um parto aos 14, cuidar de uma criança quando sequer sabe cuidar de si, transformar ela em uma pessoa completamente diferente da que você conhecia? Ou será que fazer o aborto, que não geraria qualquer sofrimento a um feto que ainda sequer se desenvolveu o suficiente pra ter qualquer relação do seu ser com o mundo real, e garantir que sua filha consiga superar aquele trauma com algum acompanhamento psicológico, e não tenha que passar por novos traumas passando por um parto precoce e cuidado de uma criança tão nova.
O mundo não é preto no branco, quem pensa isso é inocente. Eu acho que temos sim uma sociedade doente, mas não pelos motivos que você citou, e sim em uma sociedade que se importa mais com o valor de crenças abstratas do que com o valor real daquilo que realmente acontece no dia a dia. Dos males que acometem não apenas uma ou outra pessoa, mas milhões de pessoas, que as fazem ter uma vida miserável e repassar essa miséria para outros que sequer tem culpa. Dos males pessoas que precisam passar por uma situação que pode lhes custar a vida, sem escolha alguma.
Primeiro gostaria de ressaltar que pecado equivale a qualquer sentimento mundano do ser humano. Não significa necessariamente que estou falando de religião.
E de resto, tudo que você escreveu pode ser refutado com a simples conclusão de que são problemas sociais,não biológicos , logo podem ser corrigidos com a família e com instituições sociais.
A Filosofia é uma ciência que não tem qualquer concordância no ramo acadêmico e não passa de subjeções. Mas indo por esse modo, você conhece a frase "Penso, logo existo", de René Descartes? Antes de pensarmos na Vida, propriamente dita, temos que ter em mente a Existência. Seguindo esse pensamento, temos a frase "A existência precede a essência", de Jean-Paul-Sartre, que significa que antes de qualquer essência(ou qualquer artimanha fajuta que diga quando a vida se inicia), a existência é pre-concebida, com a existência, temos a conclusão de que tudo se inicia na concepção.
Claro, usei duas correntes filosóficas distintas, mas que explicam muito bem meu pensamento.
A ideia do aborto por incapacidade econômica se vem de várias raízes que poderiam ser cortadas bem antes. É tão difícil sentar e conversar com sua filha sobre os riscos de uma gravidez precoce? E caso isso inevitavelmente ocorra, qual seria sua prova confiável que não tem nenhum recurso para cuidar de uma criança? Eu vejo gente pobre com 8 filhos em um país de terceiro mundo que passa por dificuldades mas consegue sustentá-los.
Enfim, por mim essa conclusão de "é mais fácil matar o feto" é simplista, errônea, antetica, sádica e equivocada. Com avanços na educação, as pessoas se tornam mais intelectuais, conscientes e racionais, diminuindo a taxa de gravidez indesejada e precoce, com avanços na economia e na segurança, a mulher pode ter o direito de se defender comprando uma arma de fogo ou não letal. E antes de mais nada, vamos dar enfase a humanidade antes da sociedade, pensem na pessoa, nos sentimentos, na vida, antes dos problemas sociais. Você acha mais fácil matar um mendigo ou uma criança da africa que ajuda-los?
Já que a vida não é preto no branco, temos de aprender que ela é difícil e que devemos arcar com as consequências. Foi ter filho, vai criar. Um argumento antigo, firme e certo.
Sobre caso de estupro, não posso dar nenhuma resposta objetiva ou sem teor relegioso, já que é pessoal demais. Já é permitido em quase todas as legislaçoes.